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quarta-feira, novembro 02, 2005

Something like Happiness



A Felicidade está completamente ligada às decisões que tomamos.
Ser indeciso é chegar na festa depois de cantado o parabéns, estar indeciso é sinal de que já não nos basta. Bastante também é algo questionável, porque ser suficiente pode ser o cômodo de algum dos lados.
Nós fizemos todas as escolhas, hoje somos frutos dos próprios erros e acertos.
Para se viver de forma plena uma situação, é necessário renunciar de todas as outras.
"Como os pombos no asfalto, eles sabem voar alto...mas insistem em catar as migalhas no chão." (Z. Baleiro)
Hoje descobri que a felicidade é um pouco triste. Era esse o equívoco. A alegria vem no momento de descontração. A felicidade está ligada às nossas certezas, a nossa segurança.
Precisamos de propósitos. De osmose para fagocitose sem pestanejar.
E é preciso estar certo das escolhas, mesmo não tendo a certeza de nada.

sexta-feira, agosto 12, 2005

Os ombros suportam o mundo

Carlos Drummond de Andrade

Chega um tempo em que não se diz mais: Meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: Meu Amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.
Em vão mulheres batem a porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se, mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.
Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios provam apenas que
A vida prossegue e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo prefeririam - os delicados - morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.

sábado, janeiro 22, 2005

Escrever x Viver

À medida em que se vive, vai ficando cada vez mais difícil escrever.
Devíamos apenas sentir, sem grandes análises. Ouvir, sentir, sem conclusões.
Não há o que se concluir, uma vez que as coisas estão mudando a cada instante.
Retomemos o foco. O centro.
Vale-nos as palavras como repertório, não para justificar o que sentimos.
Sentir é mais rico. Pensar é comprimir sentimento em palavras - os pensamentos têm formato de palavras. E a última etapa do processo é falar. Que é o que há de mais pobre. A sujeira do coador. O que fica depois que água fervente já passou e o café já foi tomado.
Imaginar é fazer esse processo de filtro contrário. É deixar que o amor e a esperança das coisas desçam sem que se perceba e se lamente do pó do café, já seco e sem sabor.
Vamos viver.
Viver, tentar sentir e falar apenas quando for necessário.
Por isso escrever ficou ainda mais difícil. Porque é o que sobra do que já foi falado. É a imaginação. São as conclusões precipitadas. É viver além do que é permitido.
Na dúvida, optei pelo natural. Pelo tempo que for preciso.
Chorar, fazer rir, sorrir, conversar são opcionais. "O mundo é indiferente, porque vivemos no máximo em paralelo" - diria uma transeunte.
Então, deixa a onda quebrar.... os pássaros vão cantar até no asfalto.
A natureza não precisa de palavras. Nós, de vez em quando - com esforço.

quarta-feira, janeiro 19, 2005

Mais ou menos é o que me incomoda

1947 - "Não pense que a pessoa tem tanta força assim a ponto de levar qualquer espécie de vida e continuar a mesma. Até cortar os defeitos pode ser perigoso - nunca se sabe qual o defeito que sustenta nosso edifício inteiro...há certos momentos em que o primeiro dever a realizar é em relação a si mesmo. Quase quatro anos me transformaram muito. Do momento em que me resignei, perdi toda a vivacidade e todo interesse pelas coisas. Você já viu como um touro castrado se transforma em boi. Assim fiquei eu...Para me adaptar ao que era inadaptável, para vencer minhas repulsas e meus sonhos, tive que cortar meus grilhões - cortei em mim a forma que poderia fazer mal aos outros e a mim. E com isso cortei também a minha força. Ouça: respeite mesmo o que é ruim em você - respeite sobretudo o que imagina que é ruim em você - não copie uma pessoa ideal, copie você mesma - é esse seu único meio de viver. Juro por Deus que, se houvesse um céu, uma pessoa que se sacrificou por covardia ia ser punida e iria para um inferno qualquer. Se é que uma vida morna não é ser punida por essa mesma mornidão. Pegue para você o que lhe pertence, e o que lhe pertence é tudo o que sua vida exige. Parece uma vida amoral. Mas o que é verdadeiramente imoral é ter desistido de si mesma. Gostaria mesmo que você me visse e assistisse minha vida sem eu saber. Ver o que pode suceder quando se pactua com a comodidade da alma". Clarice Lispector

segunda-feira, janeiro 10, 2005

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"Quando a gente acha que tem todas as respostas
Vem a vida e muda todas as perguntas"
FELIZ 2005!