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quinta-feira, fevereiro 26, 2004

Nossa, q coisa forte acabo de ouvir: sou gaúcha da gema, só preciso atualizar meu endereço! - amigos são sempre um amor.
Nestes dias, acabei por concluir que depois dos vinte, o luxo é ser simples. A gente passa grande parte da vida buscando o rebuscado para aprender o valor do simples. Pior. Hoje o simples se torna o rebuscado! Quão difícil é ser gente qdo nos tornamos egoístas, vaidosos, tiranos. Ouvi alguém dizer q nascemos perfeitos e vamos adquirindo os defeitos com as circunstâncias. Tô perdida de novo!
Como é difícil ser tolerante! Ser doce sem se corromper. Amar pelo prazer de fazê-lo.
Vivo tentando fugir da net, mas acho q meu nível "freak" já não me permite isso...
Neuras trocadas online, gente que só fala de si e se incomoda ao ouvir o outro e assim, concretizar o q chamamos de diálogos. Realmente minha amiga, uma planta não ouve outra planta.
Gente fraca, sem escrúpulos. Enquanto aquela família que é feliz e nem pensa nisso galopa pelos campos de hortênsias roxeadas. De onde surgem os clichês. Da fonte de toda essa alegria humana e natural.

terça-feira, fevereiro 24, 2004

Minha flor, meu bebê
Dé/ Cazuza


Dizem que tô louco
Por te querer assim
Por pedir tão pouco
E me dar por feliz
Em perder noites de sono
Só pra te ver dormir
E me fingir de burro
Pra você sobressair


Dizem que tô louco
Que você manda em mim
Mas não me convencem, não
Que seja tão ruim
Que prazer mais egoísta
O de cuidar de um outro ser
Mesmo se dando mais
Do que se tem pra receber
E é por isso que eu te chamo
Minha flor, meu bebê


Dizem que tô louco
E falam pro meu bem
Os meus amigos todos
Será que eles não entendem
Que quem ama nesta vida
Às vezes ama sem querer
Que a dor no fundo esconde
Uma pontinha de prazer
E é por isso que eu te chamo
Minha flor, meu bebê

# E bate forte coração... ôô... minha Mocidade vai passar.
Pisa firme nesse chão, gente boa. Parabéns, terra da garoa #

É preciso estar bem acompanhada para sentir-se completamente
sozinha depois...

quarta-feira, fevereiro 18, 2004

Tô enchendo de textos, ok... último:
(Lembra da conotação sexual da paixão? Pode ser.)

Amor e Sexo
(Rita Lee/Roberto de Carvalho/Arnaldo Jabor)

Amor é um livro - Sexo é esporte
Sexo é escolha - Amor é sorte
Amor é pensamento, teorema
Amor é novela - Sexo é cinema
Sexo é imaginação, fantasia
Amor é prosa - Sexo é poesia
O amor nos torna patéticos
Sexo é uma selva de epiléticos

Amor é cristão - Sexo é pagão
Amor é latifúndio - Sexo é invasão
Amor é divino - Sexo é animal
Amor é bossa nova - Sexo é carnaval

Amor é para sempre - Sexo também
Sexo é do bom - Amor é do bem
Amor sem sexo é amizade
Sexo sem amor é vontade
Amor é um - Sexo é dois
Sexo antes - Amor depois

Sexo vem dos outros e vai embora
Amor vem de nós e demora

Amor é isso
Sexo é aquilo
E coisa e tal...
E tal e coisa...
Não, Vitor Hugo vem antes de Frejat-rs

Desejo
Vitor Hugo

Desejo primeiro que você ame,
E que amando, também seja amado.
E que se não for, seja breve em esquecer.
E que esquecendo, não guarde mágoa.
Desejo, pois, que não seja assim,
Mas se for, saiba ser sem desesperar.

Desejo também que tenha amigos,
Que mesmo maus e inconseqüentes,
Sejam corajosos e fiéis,
E que pelo menos num deles
Você possa confiar sem duvidar.
E porque a vida é assim,
Desejo ainda que você tenha inimigos.
Nem muitos, nem poucos,
Mas na medida exata para que, algumas vezes,
Você se interpele a respeito
De suas próprias certezas.
E que entre eles, haja pelo menos um que seja justo,
Para que você não se sinta demasiado seguro.

Desejo depois que você seja útil,
Mas não insubstituível.
E que nos maus momentos,
Quando não restar mais nada,
Essa utilidade seja suficiente para manter você de pé.

Desejo ainda que você seja tolerante,
Não com os que erram pouco, porque isso é fácil,
E que fazendo bom uso dessa tolerância,
Você sirva de exemplo aos outros.

Desejo que você, sendo jovem,
Não amadureça depressa demais,
E que sendo maduro, não insista em rejuvenescer
E que sendo velho, não se dedique ao desespero.
Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor e
É preciso deixar que eles escorram por entre nós.

Desejo por sinal que você seja triste,
Não o ano todo, mas apenas um dia.
Mas que nesse dia descubra
Que o riso diário é bom,
O riso habitual é insosso e o riso constante é insano.

Desejo que você descubra,
Com o máximo de urgência,
Acima e a respeito de tudo, que existem oprimidos,
Injustiçados e infelizes, e que estão à sua volta.

Desejo ainda que você afague um gato,
Alimente um cuco e ouça o joão-de-barro
Erguer triunfante o seu canto matinal
Porque, assim, você se sentirá bem por nada.

Desejo também que você plante uma semente,
Por mais minúscula que seja,
E acompanhe o seu crescimento,
Para que você saiba de quantas
Muitas vidas é feita uma árvore.

Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro,
Porque é preciso ser prático.
E que pelo menos uma vez por ano
Coloque um pouco dele
Na sua frente e diga "Isso é meu",
Só para que fique bem claro quem é o dono de quem.

Desejo também que nenhum de seus afetos morra,
Por ele e por você,
Mas que se morrer, você possa chorar
Sem se lamentar e sofrer sem se culpar.

Desejo por fim que você sendo homem,
Tenha uma boa mulher,
E que sendo mulher,
Tenha um bom homem
E que se amem hoje, amanhã e nos dias seguintes,
E quando estiverem exaustos e sorridentes,
Ainda haja amor para recomeçar.
E se tudo isso acontecer,
Não tenho mais nada a te desejar.

Perdoando Deus
Clarice Lispector
(...)
Enquanto eu imaginar que "Deus" é bom so porque eu sou ruim, não estarei amando nada: será apenas o meu modo de me acusar. Eu, que sem nem ao menos ter me percorrido toda, já escolhi amar ao meu contrário, e ao meu contrário quero chamar de Deus. Eu, que jamais me habituarei a mim, estava querendo que o mundo não me escandalizasse. porque eu, que de mim só consegui me submeter a mim mesma, pois sou tão mais inexorável do que eu, eu estava querendo me compensar de mim mesma com uma terra menos violenta que eu. Porque enquanto eu amar a um Deus só porque não me quero, serei um dado marcado e o jogo de minha vida maior não se fará. Enquanto eu inventar Deus, Ele não existe.
Sob medida
Chico Buarque/1979
Para o filme República dos Assassinos de Miguel Faria Jr


Se você crê em Deus
Erga as mãos para os céus
E agradeça
Quando me cobiçou
Sem querer acertou
Na cabeça
Eu sou sua alma gêmea
Sou sua fêmea
Seu par, sua irmã
Eu sou seu incesto (seu jeito, seu gesto)
Sou perfeita porque
Igualzinha a você
Eu não presto
Eu não presto

Traiçoeira e vulgar
Sou sem nome e sem lar
Sou aquela
Eu sou filha da rua
Eu sou cria da sua
Costela
Sou bandida
Sou solta na vida
E sob medida
Pros carinhos seus
Meu amigo
Se ajeite comigo
E dê graças a Deus

Se você crê em Deus
Encaminhe pros céus
Uma prece
E agradeça ao Senhor
Você tem o amor
Que merece
Ai, ai... se eu fosse dos anos 70, esse Chico não me escaparia-rs

Olhos nos olhos
Chico Buarque/1976



Quando você me deixou, meu bem
Me disse pra ser feliz e passar bem
Quis morrer de ciúme, quase enlouqueci
Mas depois, como era de costume, obedeci

Quando você me quiser rever
Já vai me encontrar refeita, pode crer
Olhos nos olhos, quero ver o que você faz
Ao sentir que sem você eu passo bem demais

E que venho até remoçando
Me pego cantando
Sem mas nem porque
E tantas águas rolaram
Quantos homens me amaram
Bem mais e melhor que você

Quando talvez precisar de mim
'Cê sabe que a casa é sempre sua, venha sim
Olhos nos olhos, quero ver o que você diz
Quero ver como suporta me ver tão feliz

"... Olha
Será que ela é moça
Será que ela é triste
Será que é o contrário
Será que é pintura
O rosto da atriz
Se ela dança no sétimo céu
Se ela acredita que é outro país
E se ela só decora o seu papel
E se eu pudesse entrar na sua vida..."

Chico Buarque

terça-feira, fevereiro 17, 2004

Sinto-me serena.
Acho q estou numa fase tranqüila de verdade.
Saio com meus amigos, passo madrugadas batendo papo furado, trocando nostalgias ou alimentando silêncios e isso me traz harmonia pra ver as coisas como elas realmente são.
Hoje, tenho prazer em ir ao cinema, ao teatro, em conhecer as pessoas, saber como elas pensam, de q forma elas passam os seus dias e os seus anos.
Psicólogos, jornalistas, programadores, professores, publicitários, estagiários, mestrados, engenheiros e funcionários públicos... todos são os mesmos.
Casados, solteiros, aventureiros..filhos ou não... apaixonados, idealistas, interesseiros ou interessados, todos nós seguimos da mesma forma.
Esses vazis tão previsíveis. Temos até vergonha de dizer q sempre nos falta amor, dinheiro ou ânimo.
Penso q a preguiça, o delírio, a paixão são coisas tão "batidas" q as pessoas têm vergonha de assumir q necessitam deles, mas q por apenas isso largariam todas as outras coisas com as quais matam seu tempo.
Realmente, o cotidiano é um grande origami que necessita ser desenvolvido, desdobrado, recortado, pintado, colado e compartilhado.
O problema é exigir isso, daqueles q não têm a menor predisposição para a arte.
Mas como uma avó carinhosa, gostaria de dar colinho a todos e enquanto passasse a mão na cabeça de cada um, sussurrar, assim baixinho:
- Vai criança. Cheire uma flor no meio do caminho. Esqueça a lancheira, o dever de casa, a menina do trenzinho. Pendure-se numa àrvore e sinta o vento tocar a sua face. Aproveite o seu momento, pq amanhã meu amor, amanhã vc não terá tempo para sorrir á toa.

______m_ºoº_m________



quinta-feira, fevereiro 12, 2004

Ele não veio.
E assim como ele, nenhum deles voltou para dar uma pista.
Será a pasta de dentes errada, o jeito escancarado, a maneira de se dar?

'Ele está atrás dela. Você atrás dele. E quem está atrás de você?'

quarta-feira, fevereiro 11, 2004

"A ironia é a de que não importa o quanto você faça para melhorar a si ou aos outros, você sempre vai se deteriorar e morrer. A grande vitória do indivíduo é perceber o absurdo da vida e aceitá-la. Como Deus não existe, o homem não tem ao que se apegar. Somos livres, sós e sem desculpas. Nada justifica a existência, o tédio dos dias e das noites, caminhos obscuros e desertos, o cotidiano. Mas isso não livra o homem da liberdade e da responsabilidade." Sartre

Uma tia, daquelas bem típicas, vendo a prateleira de livros diria: "Minha querida, com essas leituras vc não vai se casar tão cedo. Meu benzinho, vc não sabe q os homens não gostam das mulheres q pensam demais?"

Pensando nos 7 anos estudando estatística e contabilidade, resolvi fazer uma projeção financeira até 1º de julho.
Nesse processo, juntei todos os boletos, notas fiscais, contracheques, comprovantes de pedágios e bilhetinhos de bar pra saber em q gastei nestes oito meses de trabalho stressante!
No final das contas, deu prejuízo!-rs
Sete meses já se foram. Só consegui a filha mais nova do Lobão. Agora faltam mais sete.
"Tão longo amor, tão curta a vida"- Camões.
Uma vez li umas piadinhas dizendo q se os homens soubessem o q as mulheres fazem qdo estão sozinhas,não se casariam com elas.
Aí uma daquelas feministas respondeu que as mulheres tinham mania de perdem tempo com besteirinhas, e que depois, casavam-se com as besteirinhas.
Já os mais maliciosos dizem que se soubéssemos o q as pessoas fazem à noite, jamais as cumprimentaríamos na manhã seguinte.
Bobeiras à parte... hj tô sem assunto
OLá! (olá é sempre mais feliz que oi)
Neuras? Q neuras?
Ah, deixa isso pra lá, Carpe Diem pra todo mundo!

Sabe, toda vez q começo a escrever aqui, me dá até um negócio. Fico lembrando dos contos da Clarice, do Hesse, do Nelson Rodrigues... aí qdo me vem uma idéia, assim, um personagem novo (ou algo do gênero) no próprio rascunho já paro, pq realmente não há mais nada de original pra se dizer.
Lembro de um amigo: "Nossa Iris, o q vc tá fazendo? Q situação ridícula!"
Acho q aquelas redações da 2ª série são mais ricas que trocentas páginas de lamentações.
Oi.
Fui sugestionada a escrever sobre neuras.
Bah guria!
Então... como anda a vida?
Q vida? aquilo que acontece no intervalo entre o momento q levanto até o instante q sonho com o que qro?
É até estranho, mas consigo manipular de certa forma os sonhos.
Sabe, naquela hora q vc está sonhando e saca que aquilo num é verdade?
Aí vc começa a avacalhar: pula muros, dá mortais no ar, puxa a barba do presidente, come carne crua e se sente segura como a Luma de Oliveira?
Aliás: "Eu tb sei ser simplesinha".

Perái, vamos recomeçar sem rancores..rs

segunda-feira, fevereiro 09, 2004

Quando saio de casa,
Já vou derrotado.
Levanto, mas já desisti.
Sorrio, mas com desgosto.
Sigo o caminho.
Descrente, mudo de alma.
Surdo de fé.
Cego do corpo.
Paralisado de dor.
E uma criança sorri,
Já deveria estar na escola.
Um cão festeja,
Suja minha roupa.
Outra pessoa me ama,
até quando isso vai durar?
Estou atrasado, acaba logo com isso.
Tenho medo de você.
Vc tira meu sono.
Diz coisas pra mim q não teria coragem de dizer
Para alguém q está na mesma situação q a sua.

Tenho nojo de você.
Deixa seu corpo se estragar.
Entrega seus sonhos nas mãos do destino.
E vive como um bicho rastejante e irracional.

Tenho pena de você.
Pq hj não me alcança mais.
Vc não controla mais a sua mente.
Não acredita nas próprias coisas que diz.
E já sabe quem vc é.

Tenho culpa por você.
Porque apresenta a mim, o amor.
Faz-me crescer a pancadas.
E sente-se fraca ao ver que,
Mesmo q eu não tenha um deus,
Há um romantismo ao qual me agarrar.

Não tenho mais esperanças em você.
Vou até seu osso, lá só há vermes.
Não transcende. Vc já é o nada.
Você vira carne e agora só resta o que espelha.

Agora vá. Porque já vai tarde.
Alguém q não te conhece, a espera.
Chegue com a máscara, o sujo, o q não sobrou.

Finja uma reza.
Leia uma falsa história.
E diga que ama.
Só não revele a quem.
Meu pai é imprevisível!
Todo domingo qdo chega essa hora, já vou lá ouvir a opinião dele sobre os documentários.
Vendo o David Adams cruzando a Nigéria, onde os homens andam com os rostos cobertos (como máscaras que lhe dão poder) as mulheres fazem um rito, uma espécie de gritinhos movimentando as línguas na horizontal (como os coiotes).
Meu pai foi tentar imitá-las e qse deixou a dentadura cair. Disse, q desse jeito, nem precisam escovar os dentes!!

sábado, fevereiro 07, 2004

Ôpa, me pegou de surpresa-rs
Ia escrever em outra linha, estilo felicidade-palhaço-pimpão!

Abstraia:

Eu sou feliz.
Não há outro jeito! Até pq é mais fácil ser feliz.

Acordei triste por saber q meu pai está doente, torto, fraco. Mas o encontrei roubando sorvete (com um certo grau de dificuldade) da geladeira.
E saiu rindo como criança arteira.
Isso me encheu de alegria, de luz.
Meu cachorro passou frio à noite e só agora de manhã me dei conta disso. Troquei o pano. Ele me lambeu em agradecimento.
Talvez seja por isso q não deva culpar as outras pessoas pelas necessidades que são nossas. Isso tem o tempo certo para q o outro e a gente perceba.
O q não dá é ser omisso depois q se sabe o q para os outros é importante e o q não custa pra vc.

Meu pai é feliz, pq não se questiona o que é sê-lo.

Sou feliz e camuflo isso, por não saber lidar com a fraqueza e a imperfeição das coisas.
Meu cão depende de mim e sente alegria cada vez q é lembrado, o instinto é assim, sem expectativas ele dorme, dá uma volta e sempre é útil por uma pequena dose de afeto.
E esse é o universo de hoje-rs
E através do meu pai e do meu cachorro eu traço o perfil do mundo, crio as estatísticas das possibilidades de emergir de outra depressão.

sexta-feira, fevereiro 06, 2004

Putz, não dá desespero saber q daqui a dez anos poderemos estar na mesma?
De que, mesmo com casa, casados ou com 3 cachorros a vida poderá estar do mesmo jeito?
Tudo assim: a mesma paisagem, o mesmo assunto, a mesma falta de grana, a mesma política, o mesmo descaso e principalmente este mesmo vazio???
Pra q tudo isso hein?
Vou dormir, tô preferindo meus momentos inconscientes ultimamente...



quarta-feira, fevereiro 04, 2004

Tudo ainda está nítido.
A cada retorno, com uma intensidade diferente.

Ele alí, em seu cenário criado, regava a roseira enquanto esperava...
Dias, sem saber quantos; horas, mesmo sendo todas iguais.
Trancado em seus sonhos, cismado com as pessoas.
De verdade, o mundo não o merecia.

Ia para aquele canto do mundo, sem ter noção de que era possível encontrar um universo naquela vida, naqueles olhos tristes q o tempo se encarregou de tirar o brilho.
Do meu mundo àquele outro canto desconhecido, era o trajeto que fazia inconsciente, emocionada, alucinada!
Dirigir por duas horas, falhando a respiração e com as batidas aceleradas e irritmicáveis eu já me sentia parte do 'Pq Príncipe' que uma hora antes de ser repleto, era feliz.
Subir e descer serras sem ao menos saber trocar as marchas, sem interpretar aquilo como um risco, mas como a primeira esperança que brotava.
Ser capaz do q era impossível. Mover estátuas de concreto e acariciar alfinetes com as pontas dos dedos.

Naquele encontro, tudo o que era palavra se transformava em verdade.
Como a sensação de transpor no papel o desenho de um fenômeno.

Lágrima, suor, silêncio, falta de luz e de paz consumiam nossas almas. Sentados na cozinha trocávamos sorrisos sem mover os lábios.
E aquilo era poesia, mesmo sem antes ter aberto uma página de Bilac, era Neruda que rondava aquelas sutis troca de afeto e gratidão.
Era esfregar cobranças, mal entendidos e egoísmo (grudados na sola do sapato) naquele capacho feito de nuvens.

Ainda posso sentir seu cheiro e sua respiração quente. Posso sair de mim e ir até você. Já somos de um mesmo ribossômico. Já experimentamos o amargo do mundo para viver aquele momento sem precisar estarmos presentes e carnais.

O amor superestimado. Incondicional. Garantido. Confiado.

Um pacto que os anos vão manter. Eu já sou vc, pq não me identifico antes de fazer parte de vc.
Não há mais um eu em mim, tudo o q sou é no q me transformei através de vc.
Sou a falta que vc deixou. Supro o oco com o que sobrou de ti.

Flores precisam de terra, de carinho e de representações delas mesmas.
Uma flor com folhas, uma folha borrada à choro de flores de nanquim.
É tão fácil amar o q é imperfeito. É lembrar a incidência exata da luz a cada manhã,
da fresta da cortina que dava pra vc no jardim a cantar, a sorrir e a se preparar para uma nova espera.

Um nada compartilhado em fragmentos. Um cativeiro de esperanças restauradas.
A arte de um peixe assado à sol e câncer.
A maciez de uma manhã q parte sem medo e que olha para trás - para continuar o que ficou aberto - ansiosa para dar continuidade àquilo que não se pensa, mas que saliva diante do sabor da nostalgia.

terça-feira, fevereiro 03, 2004

A mulher deveria agir durante o dia como quando está de toalha.
Deveria permitir-se o silêncio nos momentos não só de reflexão,
mas de prazer. O prazer mudo é o completo. Cores, cheiros e
entrelinhas são o cotidiano que se perde em troca de meia dúzia
de palavras...
Deveria ela escolher a parede na qual pôr o pé e relaxar. Ler qquer
livro infantil, imaginar castelos e tentar se apaixonar pela história
do patinho feio novamente. Chorar ao assistir Dumbo, rir ao assustar
amigos com cobras de plástico.
Sentar em bancos de qualquer praça para se deliciar ao rasgar o plástico
de um novo disco ou livro. Chupar pirulitos. Puxar o cabelo do chefe e sair
correndo. Mostrar a língua da janela do ônibus para as crianças. Ser pega pelos sinos
de uma igreja.
Amar as pequenas coisas, sentí-las por dentro e retribuí-las, já filtradas, para
fora.

Enquanto ele planta uma roseira para o seu amor e espera até que um peixe asse.

Fazem arrozes juntos e riem da estranheza dos plurais... erram o coletivo de lobos, dos selos e o feminino de cabrito.

Abro a mão e sinto um rosto em minha palma.

N?im recebeu aquele embrulho com fitas assetinadas de bordas douradas e ficou sem saber o q fazer.
Entre a tentação da curiosidade e o medo de ser pega, ficou pensando no q aconteceria se abrisse aquele pacote na frente de todos.
Mas e se s? abrisse para ver do q se tratava?
Por?m, al? mesmo em suas m?os estavam embrulhados seu destino e sua nostalgia.

Como uma met?fora dos anos vividos, ela tremia e festejava cada vez q se via diante destas encruzilhadas.

Arriscar ou poupar-me de viver?

At? quando estourar o queixo no parapeito das esquinas?

Sã já achava que aquele embrulho, assim como todas as outras coisas,
n?o valheriam tanta adrenalina.

Na d?vida jogue-o fora.

Agonizar para qu??

Independente do que houvesse al?, n?o passaria de mais uma aventura fugaz.

N?im ent?o, 'suando, sofrendo,esfregando,apalpando' balan?ou aquela caixa.
Perdendo a noção do que era real e o q era del?rio sentiu o peso, daquilo q não era oco, e percebeu q o importante n?o era o objeto em sim q lhe era necess?rio, eram as possibilidades de combinações e o conte?do q existia.

Amadureceu o sentimento, sem saber jamais defin?-lo, resolveu ent?o, deixar que o mist?rio e o sil?ncio se encarregassem de transformar a magia daquela chacoalhada,
numa vit?ria cont?nua.
Três na manhã.
Quatro vítimas.
Uma bisnaguinha é encontrada aberta.
O assassino não deixou pistas.
Geléia esparramada ao redor do corpo.
As testemunhas se negam a depor.
Decreto 3.048/ de maio de 1999.

Perigoso estudar pra concurso!
Comer bisnaguinhas no escuro e cortá-las com faca de açougueiro é quase um genocídio! E para consumir o fato, ainda tô comendo sorvete de passas ao run dentro de uma melancia.

segunda-feira, fevereiro 02, 2004

Estremeço

Porque o amor é arrepiante
E nesta incerteza materializada
Sinto-me pura

A doçura do amor
Cai como uma lágrima sutil
E faz-me rir desta mentira
Que o mundo representa

Uma incerteza que me consola
Devolve-me a capacidade de acreditar
Na hortênsia que se abre
Numa manhã triste de ares alpinos

Entre o delírio, o incosciente
E a dureza do real
Parece-te imutável
Como fios de algodão no nariz
Espumas sobre os ombros
Como uma verdade que fere
E faz-me sorrir como criança

Mesmo diante da felicidade utópica
Mesmo q chova lá fora
Permaneço em estilhaços:
Migalhas do provável destino

Um universo se abre
Em meio à amargura, ao medo
E à vontade de correr nua
Como um anjo que perdeu as asas
Por falta de carinho

Nossa, tomei coragem para passar o link desse besteirol para os grandes amigos e tô me sentindo nua!
É estranha esta sensação, mas é a minha prova de confiança e a maneira que encontrei de mantê-los próximos a mim, em essência, e não com a casca que tenho mantido.

Oi desculpe colar o texto q me mandou aqui, mas não resisto a uma inquietação-rs

"Mas o homem é a tal ponto afeiçoado ao seu sistema e à dedução abstrata que está pronto a deturpar intencionalmente a verdade, a descrer de seus olhos e seus ouvidos apenas para justificar a sua lógica.
(...)
E como é que eu, por exemplo, me tranquilizarei? Onde estão as minhas causas primeiras, em que me apóie? Onde estão os fundamentos? Onde irei buscá-los?". Dostoiévski - Memórias do subsolo


domingo, fevereiro 01, 2004

"Experiência não é o que te acontece, é o que fazes com que te aconteça."
Victor Hugo

Metade
Oswaldo Montenegro

Que esse medo que eu tenho não me impeça de ver o que eu sei
Que a morte de tudo em que acredito não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que grito... mas a outra metade é silêncio.
Que a musica que ouço ao longe seja linda, ainda que tristeza
Que a mulher que eu amo seja para sempre amada, mesmo que distante
Porque metade de mim é partida... e a outra metade é saudade.
Que as palavras que eu falo não sejam ouvidas como prece, nem repetidas com fervor, apenas respeitadas como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos
Porque metade de mim é o que ouço... mas a outra metade é o que calo.
Que essa minha vontade de ir embora se transforme na calma e na paz que eu mereço
Que essa tensão que me corroe por dentro seja um dia recompensa
Porque metade de mim é o que penso... e a outra metade é o vulcão.
Que o medo da solidão se afaste
Que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável
Que o espelho reflita em meu rosto o doce sorriso que me lembro de ter dado na infância
Porque metade de mim é a lembrança do que eu fui... e a outra metade eu não sei.
Que seja preciso mais do que uma simples alegria para me fazer arquitetar o espírito
E que o teu silencio me fale cada vez mais
Porque metade de mim é abrigo... mas a outra metade é cansaço.
Que a arte nos aponte uma resposta mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar, porque é preciso simplicidade para fazê-la florescer.
Porque metade de mim é a platéia... e a outra metade é a canção
E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor... e a outra metade também.