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quarta-feira, fevereiro 04, 2004

Tudo ainda está nítido.
A cada retorno, com uma intensidade diferente.

Ele alí, em seu cenário criado, regava a roseira enquanto esperava...
Dias, sem saber quantos; horas, mesmo sendo todas iguais.
Trancado em seus sonhos, cismado com as pessoas.
De verdade, o mundo não o merecia.

Ia para aquele canto do mundo, sem ter noção de que era possível encontrar um universo naquela vida, naqueles olhos tristes q o tempo se encarregou de tirar o brilho.
Do meu mundo àquele outro canto desconhecido, era o trajeto que fazia inconsciente, emocionada, alucinada!
Dirigir por duas horas, falhando a respiração e com as batidas aceleradas e irritmicáveis eu já me sentia parte do 'Pq Príncipe' que uma hora antes de ser repleto, era feliz.
Subir e descer serras sem ao menos saber trocar as marchas, sem interpretar aquilo como um risco, mas como a primeira esperança que brotava.
Ser capaz do q era impossível. Mover estátuas de concreto e acariciar alfinetes com as pontas dos dedos.

Naquele encontro, tudo o que era palavra se transformava em verdade.
Como a sensação de transpor no papel o desenho de um fenômeno.

Lágrima, suor, silêncio, falta de luz e de paz consumiam nossas almas. Sentados na cozinha trocávamos sorrisos sem mover os lábios.
E aquilo era poesia, mesmo sem antes ter aberto uma página de Bilac, era Neruda que rondava aquelas sutis troca de afeto e gratidão.
Era esfregar cobranças, mal entendidos e egoísmo (grudados na sola do sapato) naquele capacho feito de nuvens.

Ainda posso sentir seu cheiro e sua respiração quente. Posso sair de mim e ir até você. Já somos de um mesmo ribossômico. Já experimentamos o amargo do mundo para viver aquele momento sem precisar estarmos presentes e carnais.

O amor superestimado. Incondicional. Garantido. Confiado.

Um pacto que os anos vão manter. Eu já sou vc, pq não me identifico antes de fazer parte de vc.
Não há mais um eu em mim, tudo o q sou é no q me transformei através de vc.
Sou a falta que vc deixou. Supro o oco com o que sobrou de ti.

Flores precisam de terra, de carinho e de representações delas mesmas.
Uma flor com folhas, uma folha borrada à choro de flores de nanquim.
É tão fácil amar o q é imperfeito. É lembrar a incidência exata da luz a cada manhã,
da fresta da cortina que dava pra vc no jardim a cantar, a sorrir e a se preparar para uma nova espera.

Um nada compartilhado em fragmentos. Um cativeiro de esperanças restauradas.
A arte de um peixe assado à sol e câncer.
A maciez de uma manhã q parte sem medo e que olha para trás - para continuar o que ficou aberto - ansiosa para dar continuidade àquilo que não se pensa, mas que saliva diante do sabor da nostalgia.

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