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domingo, novembro 28, 2004

Stairway To Heaven - Led Zeppelin

Page/Plant

Escadaria para o paraíso

Há uma senhora que acredita
Que tudo o que brilha é ouro
E ela está comprando uma escadaria para o paraíso
Quando ela chega lá ela percebe
Se as lojas estiverem todas fechadas
Com uma palavra ela consegue o que veio buscar
E ela está comprando uma escadaria para o céu

Há um cartaz na parede
Mas ela quer ter certeza
Porque você sabe que às vezes as palavras têm duplo sentido
Em uma árvore a beira do riacho
Há um rouxinol que canta
Às vezes todos os nossos esforços são em vão
Isto me faz pensar
Isto me faz pensar

Há algo que sinto
Quando olho para o oeste
E meu espírito chora para partir
Em meus pensamentos tenho visto
Anéis de fumaça atravessando as árvores
E as vozes daqueles que ficam parados olhando
Isto me faz pensar
Isto realmente me faz pensar

E um sussurro avisa que cedo
Se todos entoarmos a canção
O flautista nos levará à razão
And a new day will dawn
E um novo dia irá nascer
Para aqueles que suportarem
E a floresta irá ecoar gargalhadas
Se há um alvoroço em sua horta
Não fique assustada
É apenas limpeza de primavera da rainha de maio

Sim, há dois caminhos que você pode seguir
Mas na longa estrada
Há sempre tempo de mudar o caminho que você segue
E isso me faz pensar
Sua cabeça lateja e não vai parar
Caso você não saiba
O flautista te chama para se juntar a ele
Querida senhora, pode ouvir o vento soprar?

E você sabe
Sua escadaria repousa no vento sussurrante
E enquanto corremos soltos pela estrada
Nossas sombras mais altas que nossas almas
Lá caminha uma senhora que todos conhecemos
Que brilha luz branca e quer mostrar
Como tudo ainda vira ouro
E se você ouvir com atenção
Ao menos a canção irá chegar a você
Quando todos são um e um é o todo

Ser uma rocha e não rolar
E ela está comprando uma escadaria para o paraíso...

quarta-feira, novembro 17, 2004

Quebrando as próprias barreiras

Sobre ciúmes

Tá aí uma questão difícil de ser resolvida.
O cotidiano é cheio de homens e mulheres.
Homens e mulheres bonitos, ou inteligentes, ou interessantes e interessados.
Atraentes ou não, por carência ou por falha de caráter, ninguém está imune.
Ainda que pensantes, há aqueles que deixam prevalecer o instinto selvagem sobre a razão e a coerência para estarem à beira do ridículo.

Toda pessoa tem um ciclo de possibilidades.
Há muita gente avulsa, à toa, à espera, à caça e à espreita.
Nada pode ser feito.

Porém, todo casal tem a sua história. Que começa pelo mesmo impulso ou estímulo pelo qual o ciúme nasce.
Eles vão moldadando a cada dia, o origami da convivência: as palavras que serão ditas, as que serão caladas,
a forma como falar de coisas intensas ou supérfluas, a liberdade de se expor, de fazer tudo ou nada juntos. A necessidade de atenção. De suprir carências, os abraços nas horas difíceis, de doenças, de perdas, de desesperos.

Então, como deixar com que apenas um estímulo - quase sempre imaginário- acabe com tudo o que foi construído?
Ou...
Como se deixar ser atraído por um estímulo rápido - dos machos e das fêmeas no cio - se somos seres pensantes, inteligentes e sensíveis?

"Quem sente ciúmes não se respeita", diria um amigo. Porque o ciumento sente-se o último Ser interessante do planeta.
E quem não sente culpa por causar ciúmes, não pode entender muito do que está sendo vivido também.

O verdadeiro amor é incondicional. Mas não é passivo.
São necessárias interferências para que juntas, as pessoas se moldem e se transformem.


Sobre traição
Quem trai é quem perde. Sempre volto nessa idéia.
Ninguém tem a obrigação de estar com uma pessoa que não é suficiente para si.
Não é honesto consigo, nem com o outro.
Porém, ser traído e fazer vista grossa é ser egoísta.
Porque quem trai não arrisca perder, nem abandona.
Quem trai é fraco.
E quem aceita a traição já desistiu da vida e das coisas essenciais.
O medo da traição não deve ser pelas outras pessoas e seus comentários, e sim, pela descoberta que o tempo todo se relacionou sozinho sem se dar conta do que a outra pessoa fazia e sentia. Como na música do Peninha aí embaixo: aonde estava a outra pessoa enquanto ele sentia tudo isso? Cadê a interação da coisa? Ele não estava a vendo, ele é apenas um egocêntrico com dor-de-cotovelo.
Amor tem que estar em sintonia. E por mais difícil que seja, só através do risco diário e da liberdade confiada é que ele sobrevive.

terça-feira, novembro 16, 2004

Matando os Ídolos

Pensei q essa música era do Moska... Já ia chegar chutando o balde, mas é do Peninha-rs
Tô procurando outra como argumento da morte do meu ídolo.
Um minuto...

Sonhos

Peninha

Tudo era apenas uma brincadeira
E foi crescendo, crescendo, me absorvendo
De repente eu me vi assim
Completamente seu
Vi a minha força amarrada no seu passo
Sem você não há caminho
Eu nem me acho
Eu vi um grande amor gritar dentro de mim
Como eu sonhei um dia
Quando o meu mundo era mais mundo
E todo mundo admitia
Uma mudança muito estranha
Mais pureza, carinho,
Calma e alegria
No meu jeito de me dar
Quando a minha voz se fez mais forte, mais sentida
A poesia fez folia em minha vida
Você veio me falar
Dessa paixão inesperada
Por outra pessoa
Mas não tem revolta, não
Só quero que você se encontre
Saudade até que é bom
Melhor que caminhar vazio
A esperança é um dom
Que eu tenho em mim
Não tem desespero não
Você me ensinou milhões de coisas
Tenho um sonho em minhas mãos
E amanhã será um novo dia
Certamente eu vou ser mais feliz

sábado, novembro 13, 2004

Viva os Porcos!

Há uma espécie de ritual no Brasil, quando o assunto é cerveja.
Deixar os filhos bebês, as esposas, os maridos, os pais doentes,os cachorros com fome fazem parte da cerimônia. Na escala de prioridades, é a loira em primeiro lugar!
Sentar-se em uma mesa de boteco é o que há de mais importante nas noites de final de semana. Vida rica não?
A gente gosta de rir da nossa própria desgraça. Porque recomeçar, passar mais tempo com os filhos, plantar sementes não são coisas importantes. São obrigações.
O boteco é o lugar onde você pode sentar e ser porco à vontade: contar piadas, ser preconceituoso, debochar dos que escolhem pela continuidade. Desrespeitar os que trabalham duro e estão na fila do ônibus e que vão chegar no mesmo horário dos que estão no "happy hour", porém, ao invés de comer amendoim, eles estão sonhando com algumas horas de sono a mais entre uma troca de ônibus-metrô-trem-ônibus e mais 35 minutos de caminhada. Desrespeitar sua própria natureza, degradar tudo o que você sempre finge ser. Ali, naquela mesa, você vai ser porco por horas. Vai falar de amenidades, vai rir e se humilhar diante de si mesmo. Vai ver o quanto é egocêntrico, vai jogar fora não só papo, mas a máscara da hipocrisia que carrega durante a semana. Vai deixar os papéis que representa, para ser apenas um porco no meio de outros porcos infelizes.
Da próxima vez, não jogue mais pérolas aos porcos, jogue cerveja.

Penso numa nova interpretação para o bicho de Manuel Bandeira:

O Bicho
Vi ontem um bicho
Na imundice do pátio
Catando comida entre os detritos
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.

O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.

quarta-feira, novembro 03, 2004

A lucidez vai passar

Como transformar lucidez em palavras?
Palavras já são sonhos e não combinam com sentimento verdadeiro.
O ser humano é uma máquina limitada e condicionada, as pessoas são todas iguais com as mesmas necessidades em graus diferentes.
Para que levantar todos os dias e fazer as mesmas coisas se nada tem muito sentido mesmo?
O tempo só precisa passar. Bem ou mal ele vai passar. Então por que a pressa?
Dá na mesma fazer ou não fazer, ser ou tentar querer.

Ninguém nasce para o trabalho, para as regras, para "ser feliz".
A gente nasce para ir se distraindo até a velhice ou algo que venha antes dela.
Uma das duas chega primeiro.

Não adianta fugir de cidade, de casa e de vida... elas vão se repetir da mesma forma com uma máscara um pouco diferente. E (pasmem!) quando voltar aos problemas originais ele sempre serão os menos piores.

A nuvenzinha me pegou forte pela manhã....rs...preciso dormir pra passar essa lucidez.
O Mundo é Um Moinho
Cartola

Ainda é cedo, amor
Mal começastes a conhecer a vida
Já anuncias a hora da partida
Sem saber mesmo o rumo que irás tomar

Presta atenção, querida,
Embora saiba que estás resolvida
E em cada esquina cai um pouco a tua vida
E em pouco tempo não serás mais o que és

Ouça-me bem, amor
Presta atenção, o mundo é um moinho
Vai triturar teus sonhos tão mesquinhos
Vai reduzir as ilusões a pó

Muita atenção, querida,
De cada amor tu herdarás só o cinismo
Quando notares estás à beira do abismo
Abismo que cavaste com teus pés

sexta-feira, outubro 22, 2004

28º Dia
Eu quero o meu paiiiiiiiiiiiiiii!!-rs

10 paises, mais de 20 cidades (nao lembro todos os nomes), 5 metropoles, 7 idiomas misturados.
Minha cabeça começou a rodar. Nao aguento mais ver museus, castelos, neve, internet com moeda, cervejas com 10% de teor alcoolico, reciclagem, descargas esquisitas,drogas pra todo lado, olhos e cabelos iguais! Tudo muito organizado, muito auto-suficiente. O ser humano auto-sustentavel-rss

Sinto falta do "neguinho", da Calcanhoto abrindo a porta por meia hora, da cerveja no buteco, dos amigos/irmaos, da sujeira, da bagunca, do riso solto, da liberdade.
Sou da terra da caipinha, do carnaval, da feijoada e das mulheres safadas... fazer o q... eh o preco q se paga para poder ser expontaneo, ter carinho, ter intimidade com as coisas, com o idioma. Poder brincar com as palavras. Contar piadas. Relembrar dos episodios do Chaves com os amigos. Ter cachorro. Ter familia pra brigar. E pra passar o resto da vida tendo o que fazer, da melhor forma.


quarta-feira, outubro 20, 2004

26º Dia
Acho que mudei de ideia...

Estou em Roma. Assisti uma missa no Vaticano, com o PAPA.
Vou escrever sobre o que vi...
continua.

terça-feira, setembro 21, 2004

Não desistam de me ler!
Estou numa fase de observação sem conclusões.
Logo, voltarei a escrever compulsivamente-rs
Voltando das férias, voltarei a rascunhar... Palavras deixarão de ser só palavras.
Saudades de todos vocês!

Deixo um grande beijo aos persistentes na visita ao blogger ;¬)

domingo, agosto 08, 2004

Teatro dos Vampiros
Legião Urbana

Sempre precisei de um pouco de atenção
Acho que não sei quem sou
Só sei do que não gosto
E desses dias tão estranhos
Fica a poeira se escondendo pelos cantos.

Este é o nosso mundo
O que é demais nunca é o bastante
E a primeira vez é sempre a última chance
Ninguém vê onde chegamos:
Os assassinos estão livres, nós não estamos

Vamos sair - mas não temos mais dinheiro
Os meus amigos todos estão procurando emprego
Voltamos a viver como há dez anos atrás
E a cada hora que passa
Envelhecemos dez semanas.

Vamos lá tudo bem - eu só quero me divertir
Esquecer, dessa noite ter um lugar legal pra ir
Já entregamos o alvo e artilharia
Comparamos nossas vidas
E esperamos que um dia
Nossas vidas possam se encontrar.

Quando me vi tendo de viver comigo apenas
E com o mundo
Você me veio como um sonho bom
E me assustei
Não sou perfeito
Eu não esqueço

A riqueza que nós temos
Ninguém consegue perceber
E de pensar nisso tudo, eu, homem feito
Tive medo e não consegui dormir

Vamos sair - mas não temos mais dinheiro
Os meus amigos todos estão procurando emprego
Voltamos a viver como há dez anos atrás
E a cada hora que passa
Envelhecemos dez semanas.

Vamos lá tudo bem - eu só quero me divertir
Esquecer, dessa noite ter um lugar legal pra ir
Já entregamos o alvo e artilharia
Comparamos nossas vidas
E mesmo assim, não tenho pena de ninguém.


segunda-feira, julho 26, 2004


Desafia o nosso peito a própria morte
Ele roda a cidade como um cão vira-lata, cuja natureza é procurar abrigo, mesmo que aquilo custe-lhe a própria vida. E mesmo assim, corre e abana o rabo para cada assovio que vem em sua direção. Mesmo que depois de perto, perceba que um pouco de água fervente, uma paulada ou um morteiro de festas juninas o esperam, ele aprende a apanhar e a se levantar para daqui meia hora, ter do que se esquecer. Um dia, alguém poderia estender-lhe a mão e era só isso o que importava.
Ele canta pro eco dos ouvidos moucos. Entrega de macio e de bandeja, tudo o que tem. Porque sabe que terá as ferramentas para reconstruir ou que pelo menos não irá desistir da luta.
Deixa que comam seu juízo e seu orgulho com colheres de danoninho, porque sofrer já era supérfluo, era quase um clichê.
Nasceu e sua vida começou a ser difícil. Tudo sempre lhe fora mais difícil. Por isso ele não conseguia enxergar a dificuldade.
E ser útil para felicidade alheia não lhe custava. Era de graça mesmo.
Até que numa noite mais fria do que o suportável, numa sensação térmica humanamente impossível, veio a constatação: a alegria era apenas uma das coisas que circulavam pelo mundo. Assim como dinheiro. Um não conseguiria ganhar sem que o outro a perdesse.
Então, depois de só ter experimentado a vida daquela forma, resolveu buscar o que era seu e o que havia se esmiuçado em tantas partículas, entre tantas pessoas, que não havia como recuperá-la.
Depois de uma longa caminhada de muito fracasso, não hesitou em roubar da única pessoa que se mostrara honesta - diante daquele homem que já não sentia mais - as migalhas de felicidade restantes, para que assim, pudesse interagir com o mundo. Falando e escutando. Dando um pedaço médio para roubar uma coisa inteira e maior.
Porque alguém teria que perder, e esse alguém não seria mais ele. Clamou para a liberdade:
-"Mudei de nome, porque mudei de vida".

sábado, julho 24, 2004


Enquanto houver burguesia, não vai haver poesia

Começa o final de semana sem muitas expectativas, e na rua temos um palhaço pintado e transformado junto a um anão com alguma roupa colorida, ambos na porta de uma loja que liquida móveis. Os comentários são sempre os mesmos: nossa, que sacada colocar este anão, chefe!
Do outro lado, um querubim não entende qual a graça de haver um anão de olhos tristes pro consumo. De ser anão não só naquele dia festivo, mas ser um daqueles indivíduos que só conseguem sobreviver explorados por suas próprias desgraças.
Do outro lado da rua, um garoto de 10 anos captura um pombo. Ele passou a manhã toda lutando por isso e assim que segura o pombo com as mãos não sabe bem ao certo o que fazer. Estrangular ou arrancar-lhe uma pena para mostrar aos amiguinhos sua conquista?
Mas ele tem apenas 10 anos. E ter 10 anos é pressuposto de que ele apenas reproduz o que vê nos adultos.
Ele é um pequeno burguês, criado por adultos burgueses.
O que é claro nas relações de sempre: pais que prendem seus filhos, que distraem suas crianças com DVDs que nada têm a dizer. Que nada ensinam, apenas distraem.
Distrair-se é o que mais as pessoas sabem fazer.
Relações regadas a hipocrisia, culpa e cobranças. O amor contratual.
Estariam ainda juntos? Ou o contrato já fora rescindido?
Há também o contrário: ligam todas as noites para dizer, ou mentir, quantas vezes ao dia pensam naqueles que tb se amarraram a si, na hipocrisia que dança e reproduz o contar dos dias para se reverem, enquanto apenas sentem-se livres em roda de amigos. Querem números e certezas.
Aos 10 anos de idade, aquele menino não sabe que o segura nas mãos, não tem dono. Que ele poderá matá-lo aos poucos para tentar possuí-lo, mas é apenas um pombo livre, que precisa se alimentar e tomar sol todos os dias.
E qto ao pombo, vêm-me Zeca Baleiro: "Eu vejo os pombos no asfalto, eles sabem voar alto, mas insistem em catar as migalhas do chão".
E continuemos a aplicar ação e reação na mesma proporção, a sermos coerentes, a dizer apenas o que temos certeza, para não cairmos no ridículo de passar por insanos, infantis ou românticos patéticos. Porque o sistema nos quer obedientes. 

quarta-feira, julho 21, 2004


Feliz Aniversário

Envelheço na cidade....

E aproveito para fazer uma seleção darwinista natural do que sobrou e foi coado depois.
Sobre essa teoria, algumas curiosidades:

Em 1859, quando foi publicada "A Origem das Espécies", de Charles Darwin, toda a edição foi vendida no primeiro dia. O princípio da seleção natural determina quais membros da espécie têm mais chance de sobrevivência. As crias não são reproduções idênticas de seus pais. Um leão pode ser ligeiramente mais rápido ou mais forte do que os pais; uma girafa pode desenvolver um pescoço mais comprido do que o dos pais. A cada geração, a característica favorável torna-se mais pronunciada e mais difundida nas espécies. Com o passar dos séculos, a seleção natural elimina as espécies antigas e produz novas.
(...) Em última análise, o darwinismo ajudou a acabar com a prática de ter a Bíblia como referência em questões científicas. Darwin havia tirado dos homens o privilégio de terem sido a criação especial de Deus.
Renan Garcia Miranda

E como você se sentiria dentro de uma jarra de suco de maracujá ainda não coado? Qual o valor de ser um colega, um conhecido, um amante, um passatempo?
Então reuniremos mais vezes a "Comissão da ONU", depois de chacoalhada a toalha das angústias e limpa a mesa onde casais trocaram alianças e juraram amor eterno.

domingo, julho 18, 2004

Palavras são só palavras
 
Há silêncios constrangedores, há dias que nada de importante é dito.
Mas o vazio é o q há de mais significativo: privo-te de minhas palavras.
Sufoco o que há de mais macio para ser compartilhado. "Prendia o choro
e aguava o bom do amor" - Cazuza.
Por alguns segundos pego-me não sendo mais o q achava q seria eu, e passo a ser silêncio também.
Uma mistura de frases e de contextos vem aa tona, "O essencial é invisível aos olhos", diria a raposa do livro de Misses, "Há coisas que não precisam ser ditas" suspiraria um anjo.
Então passo a ser outra... a espera do mesmo.
Não tenho mais a pretensão de ser entendida, mas ainda não abri mão de ser aceita.
Só é livre quem não tem nada a perder. Os pássaros não retornam mais, porque fazer ninhos hoje em dia, tornou-se uma coisa que dá trabalho. Ter trabalho é perder tempo. Não sobra mais tempo há ninguém.
Sinto saudade e minha garganta se torna ainda mais seca.
 

sábado, julho 10, 2004

Canceriano Sem Lar
Raul Seixas

Estou sentado em minha cama
Tomando meu café prá fumar
Trancado dentro de mim mesmo
Eu sou um canceriano sem lar

É, é, porém, mas, todavia
Eu sou um canceriano sem lar
Eu tomo café que é pra não chorar
Pergunto à nuvem preta quando o sol vai brilhar
Estou deitado em minha vida
E o soro que me induz a lutar

Estou na Clínica Tobias
Tão longe do aconchego do lar
All right, man
Play the blues
Clínica Tobias Blues
Adoecer

Seis dias sem conseguir comer. Passa o carro do churro na rua.
Sinto o cheiro aqui de cima.
Aproveito para só desfrutar do mel das coisas.
Chego ao ponto de chupar um salgadinho de isopor de cebola e jogar o bagaço fora. Assim, como grande parte das pessoas come mixirica.
Lamber um sonho é privilégio de poucos.
Não posso ler coisas muito complexas pq me dão vertigem, então desenterrei meus gibis do Cascão e do Urtigão.
Sinto-me feliz por ter alguns amigos perto. Que me trazem fitas do Charlie Brown e do Pequeno Príncipe fazendo-me sentir como no filme Adeus Lênin, mas no caso, o muro q cai é o da sutileza, vencem os grotescos.
Sansara, Dolls, Lotte, Olhares Tímidos, Caldo de Miojo, Cheiro de Chocolate... assim vou me recuperando.
Porém foi boa a oportunidade de tomar decisões e de cair na real.
Momentos de afastar o q é supérfluo, o q não importa mais, quem já deveria ter ido há tempos.
Aprendi que a solidão em alguns momentos não é uma impotência, e sim, uma seleção natural do que vale ter continuidade.

quarta-feira, julho 07, 2004

3º rascunho
O casal vai viajar.
Acordam pra ouvir a tradução do dia.
E aquilo parece q foi escrito para eles.
Ambos cumprem suas jornadas.
Um pensa sozinho.
O outro não pensa, apenas vive.
A hora passa arrastada.
A hora voa.
Um momento de descontração.
Uma prova de amor.
E na agonia de um, para felicidade do outro
Eles continuam a se encontrar.

2º rascunho
Ele acorda atrasado.
Creep no despertador.
Procura não pensar nas coincidências.
Odeia misticismos.
A palavra enfermidade o incomoda.
Mas sente estar preso na semântica das palavras.
Não há perguntas.
A realidade não pode ser assim, tão superestimada.
A coisa é só simplista.
Por isso seja tão difícil darem crédito ao cotidiano.
Passa gel no cabelo e vai trabalhar.
1º rascunho
Ela continua.
Come cereais enquanto assiste ao Caverna do Dragão.
A pergunta que não quer cessar.
Amelie Poulain ao piano.
Essência de baunilha.
Gosto de chocolate.
Um dia de fuga.
Um livro que não faz mais sentido.
Palavras são só palavras.
A realidade é só isso mesmo.
Qual verdade seria a melhor?
Como os loucos e as crianças, ela chora.
As lágrimas secam.
Vendo a figura do anti-herói infantil.
Sufoca com o travesseiro suas fantasias.
Toma café.
Limpa os escritos na parede.
E diz Bom Dia como se estivesse a esperança
De que o fosse.

segunda-feira, julho 05, 2004

Vamos dialogar sobre esta letra... qual a interpretação de vocês?
Um de cada vez por favor-rs


Grand Hotel
Kid Abelha

Se a gente não tivesse feito tanta coisa
Se não tivesse dito tanta coisa
Se não tivesse inventado tanto
Podia ter vivido um amor grand' hotel

Se a gente não fizesse tudo tão depressa
Se não dizesse tudo tão depressa
Se não tivesse exagerado a dose
Podia ter vivido um grande amor

Um dia um caminhão atropelou a paixão
Sem teus carinhos e tua atenção
O nosso amor se transformou em "bom dia"

Qual o segredo da felicidade
Será preciso ficar só pra se viver
Qual o sentido da realidade
Será preciso ficar só pra se viver

Se a gente não dissesse tudo tão depressa
Se não fizesse tudo tão depressa
Se não tivesse exagerado a dose
Podia ter vivido um grande amor

Um dia um caminhão atropelou a paixão
Sem teus carinhos e tua atenção
O nosso amor se transformou em "bom dia"

Qual o segredo da felicidade
Será preciso ficar só pra se viver
Qual o sentido da realidade
Será preciso ficar só pra se viver
Só pra se viver
Ficar só
Só pra se viver


"Grand' hotel é uma letra sobre o fim de um relacionamento provocado pela rotina (O nosso amor se transformou em "bom dia").
O verso "podia ter vivido um amor Grand' hotel" cita uma antiga revista de fotonovelas, representando a ilusão perdida de um amor idealizado, onde as pessoas se casam e são felizes para sempre."
Paula, da própria banda

sexta-feira, junho 25, 2004

Estou pronta!
"Pronta! Alô?"
É, acho q já chega de teoria! Meu conhecimento teórico sobre a vida já está mediano para o momento.
Então agora é só treinar-rs
Aquele que conduz o carro não sofre o impacto da lombada, pq já está preparado para ela, ou pelo menos, não bate a cabeça...

quarta-feira, junho 23, 2004

Você perdeu sua capacidade de nadar?
Nesta noite, algo aconteceu...
Uma pergunta veio rondar meus pensamentos e não quer me deixar:
"Será que não estou mais vivendo?"
Mas em contrapartida há outra nuvenzinha que insiste em questionar:
"Mas o que estou perdendo?"
"O que está acontecendo fora da minha bolha?"
"A quem devo pedir ajuda?"
"Até quando devo esperar aqui dentro?"
Sinto-me como o feto acomodado e aquecido... será q a bolsa romper-se-a antes do tempo?
Quero nadar! Sou capaz de sobreviver dentro da água. De abrir os olhos sem ter medo de q ardam.
O que aconteceu?
Alguém poderia me dar uma pista?

terça-feira, junho 22, 2004

O luto faz jus

Gosto daqueles que sofrem por amor.
Daqueles que se dilaceram quando o outro vai ou apenas passa.
Como diria Nelson Rodrigues: "Todo amor é eterno e, se acaba, não era amor". E acho que só aqueles que ficam de luto numa caída à outra são os que viveram aquele sentimento em sua plenitude.
Quem fica na superfície das coisas, não sofre.
Mas tb não cresce.
E quem não está intenso é a parte que perde e que se anula.
Quem ama apenas cede.
Quem tolera é mau recipiente e consegue trair.
Os que seguem sem cicatrizes são aqueles a quem o amor ainda não foi despertado. O amor não depende de uma única pessoa. Depois de adquirido ele é só experimentado de formas diferentes. Ele cessa, recua, mas não morre. Só pára para recuperar o fôlego.
Quem não fica de luto qdo perde ou quando abandona, não aprendeu a sentir o cheiro dos finais-de-tarde e de maçãs verdes.

A alegria está em pequenos fragmentos

E a felicidade é o número maior de combinações que fazemos disso.

"Sans toi les émotions d'aujourd'hui ne seraient que la peau morte des émotions d'autrefois" Hippolito # O Fabuloso Destino de Amelie Poulain


"Sem você, as emoções de hoje seriam a pele morta das do passado"

sexta-feira, junho 11, 2004

Deus joga truco

Fanalti era um garoto inquieto. Desde pequenino não se contentava com as resposta que obtinha na escola, em casa, entre os amigos.
E sempre tinha a curiosidade de conversar com a mula-sem-cabeça, assoviava de noite esperando que as cobras entrassem pela fresta da porta da sala.
Uma vez, comprando verduras no Mercado Municipal com a mãe, achou q finalmente ia ser pego pelo "Homem do Saco". Sentiu uma euforia, um híbrido de medo e curiosidade.
O tempo foi passando e os apelidos foram mudando gradualmente: esquisito, freak, herege, chato, mal-amado,insensível.
E suas justificativas se tornando cada vez mais "convictas": diferente, rebelde, descrente, realista, não-malipulável, intimista, exigente, inconformado, agnóstico.
O tempo fez questão de corrompê-lo através da tolerância, da solidão e dos desprazeres transformando-o num homem quieto, que relevava, dissimulava e dizia coisas só reproduzidas. Ficou íntimo dos clichês e passou a aplicar conceitos físicos nos relacionamentos: ação e reação na mesma proporção. Conforme recebia, retribuía. E sabia a hora que a limitação chegava e deixava de desenvolver, de dizer, de debater, satisfeito com o passo dado daqueles que por alguns instantes deixavam de consumir símbolos culturais e publicitários de amizade, amor, felicidade e família.
Certo dia, desatento, um milagre (para os outros) e uma epifania (para ele) aconteceu: Deus estava sentado em sua sala, pronto para uma conversa.
Entrou sem hesitar, sorriu, abraçou o que não tinha matéria, e olhou nos olhos daquele Ser triste e cansando de ser tão superestimado, cobrado e castrado.
Os dois assistiram filmes, ouviram música, dividiram cobertores, jogaram truco e tomaram vinho quente.
Choraram, falaram de mulheres, contaram suas histórias.
E Deus acabou confessando que havia fumado maconha na adolescência.
E Fanalti, que rezava todos os dias escondido da namorada.

- Sabe Deus. Pra mim você nunca passou de um bicho-papão melhor elaborado! Daquelas lendas criadas para pôr rédeas nas crianças e assim, não causarem muita dor-de-cabeça.

Deus a gargalhadas respondeu:

- E você meu querido Fá, foi o único rapaz que jamais me pediu algo e de quem sempre esperei a brecha impotente e irresponsável para clamar-me por ajuda com as coisas que você mesmo escolhia. Esse dia não chegava... então vim mesmo assim, de sopetão. Mas chega de sentimentalismo e me passa mais uma lata de cerveja.

Fanalti deus três tapinhas nas costas do seu novo amigo e passaram a noite cantando músicas do Legião Urbana, Raul Seixas e Rappa.
"Deusito", como uma criança exausta, dormiu no colo do frágil Fanalti que, pela primeira vez, sentiu-se à vontade com alguém.
One Of Us
Joan Osborne
If God had a name, what would it be?
And would you call it to His face
If you were faced with Him in all His glory?
What would you ask if you had just one question?

Yeah, yeah, God is Great
Yeah, yeah, God is Good
Yeah, yeah, yeah yeah yeah

What if God was one of us?
Just a slob like one of us?
Just a stranger on a bus
Trying to make His way home

If God had a face, what would it look like?
And would you want to see
If seeing meant that you would have to believe
In things like heaven and in Jesus
And the Saints and all the Prophets

Back up to heaven all alone.
Nobody callin' on the phone
'Cept for the Pope maybe in Rome.

Like a holy rolling stone.
Back up to heaven all alone
Just tryin' to make his way Home
Nobody callin' on the phone
'Cept for the Pope maybe in Rome.

quarta-feira, junho 09, 2004

Memória Seletiva

Desculpe-me pela impessoalidade que as coisas andam por aqui, mas há épocas que não há nada mesmo para ser dito.
Aliás, acho q sempre foi dessa forma, pq não existe diálogo q não seja surdo.
O mundo tá repleto de patos egocêntricos. Pq no fundo, mais elaborado ou menos castrado, tá tudo nivelado.
Fazendo bem pra pele um do outro... assim caminha a humanidade.
O passado sempre é melhor pq ganha de quebra um tapa-olho.


domingo, junho 06, 2004

True love waits
Radiohead
I'll drown my beliefs
To have you be in peace
I'll dress like your niece
To wash your swollen feet

Just don't leave, don't leave

And true love waits
In haunted attics
And true love wins
On lollipops and crisps

Just don't leave, don't leave

I'm not living
I'm just killing time
Your tiny hands
Your crazy kiss and smile

Just lonely, lonely..
Just lonely, lonely..

sábado, junho 05, 2004

Life For Rent
Dido

I haven't really ever found a place that I call home
I never stick around quite long enough to make it
I apologize that once again I'm not in love
But it's not as if I mind
that your heart ain't exactly breaking

It's just a thought, only a thought

But if my life is for rent and I don't learn to buy
Well I deserve nothing more than I get
Cos nothing I have is truly mine

I've always thought
that I would love to live by the sea
To travel the world alone
and live my life more simply
I have no idea what's happened to that dream
Cos there's really nothing left here to stop me

It's just a thought, only a thought

But if my life is for rent and I don't learn to buy
Well I deserve nothing more than I get
Cos nothing I have is truly mine

While my heart is a shield and I won't let it down
While I am so afraid to fail so I won't even try
Well how can I say I'm alive

If my life is for rent...

sexta-feira, junho 04, 2004

Do amor
Moska


Não falo do amor romântico, aquelas paixões meladas de tristeza e sofrimento.Relações de dependência e submissão, paixões tristes. Algumas pessoas confundem isso com amor. Chamam de amor esse querer escravo, e pensam que o amor é alguma coisa que pode ser definida, explicada, entendida, julgada. Pensam que o amor já estava pronto, formatado, inteiro, antes de ser experimentado. Mas é exatamente o oposto, para mim que o amor
se manifesta. A virtude do amor é sua capacidade potencial de ser construído, inventado, modificado. O amor está em movimento eterno, em velocidade infinita. O amor é um móbile. Como fotografá-lo? Como percebe-lo?
Como se deixar sê-lo? E como impedir que a imagem sedentária e cansada do amor não nos domine?

Minha resposta? O amor é desconhecido. Mesmo depois de uma vida inteira de amores, o amor será sempre um desconhecido. A força luminosa que ao mesmo tempo cega e nos dá uma nova visão. A imagem que eu tenho do amor é a de um ser em mutação. O amor quer ser interferido, quer ser violado, quer ser transformado a cada instante.

A vida do amor depende dessa interferência. A morte do amor é quando, diante do seu labirinto, decidimos caminhar em linha reta ele nos oferece seus oceanos e mares revoltos e profundos e nós preferimos o leito de um rio, com início, meio e fim. Não. Não podemos subestimar o amor. Não podemos castrá-lo.

O amor não é orgânico. Não é meu coração que sente o amor. É minha alma que o saboreia. Não é no meu sangue que ele ferve. O amor faz sua fogueira dionisíaca no meu espírito. Sua força se mistura com a minha, e nossas pequenas fagulhas ecoam pelo céu como se fossem novas estrelas recém - nascidas. O amor brilha. Como uma aurora colorida e misteriosa. Como um crepúsculo inundado de beleza e despedida. O amor grita seu silêncio e nos
dá a sua música. Nós dançamos sua felicidade em delírio porque somos alimento preferido do amor. Se estivemos também a devorá-lo.

O amor, eu não conheço. E é exatamente por isso que o desejo e me jogo do seu abismo. Me aventurando ao seu encontro. A vida só existe quando o amor navega. Morrer de amor é a substância de que a vida é feita. Ou melhor, só se vive no amor. E a língua do amor é a língua que eu falo e escuto.

domingo, maio 30, 2004


dolls Posted by Hello

cambiria Posted by Hello
"Lá vem o amor nos dilacerar novamente..."

Pequenas Epifanias
Caio Fernando Abreu

Dois ou três almoços, uns silêncios.
Fragmentos disso que chamamos de “minha vida”.

Há alguns dias, Deus – ou isso que chamamos assim, tão descuidadamente, de Deus –, enviou-me certo presente ambíguo: uma possibilidade de amor. Ou disso que chamamos, também com descuido e alguma pressa, de amor. E você sabe a que me refiro.
Antes que pudesse me assustar e, depois do susto, hesitar entre ir ou não ir, querer ou não querer – eu já estava lá dentro. E estar dentro daquilo era bom. Não me entenda mal – não aconteceu qualquer intimidade dessas que você certamente imagina. Na verdade, não aconteceu quase nada. Dois ou três almoços, uns silêncios. Fragmentos disso que chamamos, com aquele mesmo descuido, de “minha vida”. Outros fragmentos, daquela “outra vida”. De repente cruzadas ali, por puro mistério, sobre as toalhas brancas e os copos de vinho ou água, entre casquinhas de pão e cinzeiros cheios que os garçons rapidamente esvaziavam para que nos sentíssemos limpos. E nos sentíamos.
Por trás do que acontecia, eu redescobria magias sem susto algum. E de repente me sentia protegido, você sabe como: a vida toda, esses pedacinhos desconexos, se armavam de outro jeito, fazendo sentido. Nada de mal me aconteceria, tinha certeza, enquanto estivesse dentro do campo magnético daquela outra pessoa. Os olhos da outra pessoa me olhavam e me reconheciam como outra pessoa, e suavemente faziam perguntas, investigavam terrenos: ah você não come açúcar, ah você não bebe uísque, ah você é do signo de Libra. Traçando esboços, os dois. Tateando traços difusos, vagas promessas.
Nunca mais sair do centro daquele espaço para as duras ruas anônimas. Nunca mais sair daquele colo quente que é ter uma face para outra pessoa que também tem uma face para você, no meio da tralha desimportante e sem rosto de cada dia atravancando o coração. Mas no quarto, quinto dia, um trecho obsessivo do conto de Clarice Lispector – Tentação – na cabeça estonteada de encanto: “Mas ambos estavam comprometidos. Ele, com sua natureza aprisionada. Ela, com sua infância impossível”. Cito de memória, não sei se correto. Fala no encontro de uma menina ruiva, sentada num degrau às três da tarde, com um cão basset também ruivo, que passa acorrentado. Ele pára. Os dois se olham. Cintilam, prometidos. A dona o puxa. Ele se vai. E nada acontece.
De mais a mais, eu não queria. Seria preciso forjar climas, insinuar convites, servir vinhos, acender velas, fazer caras. Para talvez ouvir não. A não ser que soprasse tanto vento que velejasse por si. Não velejou. Além disso, sem perceber, eu estava dentro da aprendizagem solitária do não-pedir. Só compreendi dias depois, quando um amigo me falou – descuidado, também – em pequenas epifanias. Miudinhas, quase pífias revelações de Deus feito jóias encravadas no dia-a-dia.
Era isso – aquela outra vida, inesperadamente misturada à minha, olhando a minha opaca vida com os mesmos olhos atentos com que eu a olhava: uma pequena epifania. Em seguida vieram o tempo, a distância, a poeira soprando. Mas eu trouxe de lá a memória de qualquer coisa macia que tem me alimentado nestes dias seguintes de ausência e fome. Sobretudo à noite, aos domingos. Recuperei um jeito de fumar olhando para trás das janelas, vendo o que ninguém veria.
Atrás das janelas, retomo esse momento de mel e sangue que Deus colocou tão rápido, e com tanta delicadeza, frente aos meus olhos há tanto tempo incapazes de ver: uma possibilidade de amor. Curvo a cabeça, agradecido. E se estendo a mão, no meio da poeira de dentro de mim, posso tocar também em outra coisa. Essa pequena epifania. Com corpo e face. Que reponho devagar, traço a traço, quando estou só e tenho medo. Sorrio, então. E quase paro de sentir fome.

O Estado de S. Paulo, 22/04/86.

sexta-feira, maio 28, 2004

Algo mais otimista

Pôr-do-sol na Lagoa, chá quente, cachicol como o cobertorzinho do Lino-rs
'O ser humano é um ser sociável' é a primeira aula em Estudos Sociais. Num dia sei 4 nomes, noutro mais 6, mais 10 e assim formamos uma família do desalento. Frequentamos aos pubs ingleses,irlandeses e dançamos forró ao mesmo tempo. O frio ainda é experimental-rs
Há lugares em q vc consegue se divertir sem gastar nada. Esse é um deles.
O amor corre como um chimarrão na roda, como uma flor em antigos bailes de carnaval.
Tive a proposta de me tornar vegetariana. Acho q quase acreditei nisso.
Os bom-dias são verdadeiros, como um pedido de sobrevivência e um agradecimento pela amizade.
Hoje chegam os aventureiros. Tem praia, tem gente se preparando pra isso.
A amargura perdeu. E farei tudo o q puder para manter-me assim como a água: solvente universal, em constante movimento e depois das fortes ressacas, ainda transparente.

quinta-feira, maio 27, 2004

Porque o fracasso é o começo de tudo

quarta-feira, maio 19, 2004

An European Way

Tô me sentindo com esse cachicol!!
Basicamente uma Virginia Woolf subdesenvolvida-rs
E caí na besteira de comprar ioio mix quando a temperatura caí pra 7ºC.
O negócio fica empedrado de frio! Perdi todos os canudinhos-rs

Viajar por viajar ou viajar pra sobreviver sem ressentimentos é o q dá pra se tirar do filme sobre o Che.
Para estar perto é preciso ver longe
Nem soube o q dizer.
Até porque sentia um frio na alma.
Uma saudade triste, daquelas derrotadas.
Uma mensagem, uns telefonemas, uma má notícia.
E ele longe.
Longe de quem se importava e de quem talvez precisasse dele.
Nem soube o q dizer.
Aquele frio que entrava pelos olhos e doía na carne.
Aquela tristeza pelo o q não conseguiu conhecer.
Uma necessidade de pesquisa, de entender alguma coisa deste mundo.
Nem sabia ao certo do que precisava.
Pediu desculpas ao amigo pela distância. "Estou contigo!"
'Como é bom conviver com os seres humanos'.

P q as pessoas faziam questão de arrancar com a unha o resto de esperança que havia nos que inventavam sonhos?

Acordou chorando e se manteve assim.
Já não tinha mais vergonha de chorar em público, pq mesmo q sem consciência, as pessoas sentiam culpa por não quererem fazer nada pelas outras.
'Qta injustiça não?'
Que covardia deixarem pessoas passarem frio naquele relento.
Ainda bem q aquele frio era só físico, pq havia um espírito de comunidade muito maior naquelas pessoas. Que tinham cachorros. E cachorros q eram livres e fiéis por vontade.Que exercitavam o amor. Pq não havia interesse, nem apego. E que eram honestos consigo mesmos. Não se submetiam 'às regras do mercado'.

quarta-feira, maio 12, 2004

Vou precisar conversar com o Cony, pra saber como é que a gente faz qdo nosso maior companheiro morre...

Tentação
Clarice Lispector

Ela estava com soluço. E como se não bastasse a claridade das duas horas, ela era ruiva.
(...) Que fazer de uma menina ruiva com soluço? Olhamo-nos sem palavras, desalento contra desalento. Na rua deserta nenhum sinal de bonde. Numa terra de morenos, ser ruivo era uma revolta involuntária. Que importava se num dia futuro sua marca ia fazê-la erguer insolente uma cabeça de mulher? Por enquanto ela estava sentada num degrau faiscante da porta, às duas horas. O que a salvava era uma bolsa velha de senhora, com alça partida. Segurava-a com um amor conjugal já habituado, apertando-a contra os joelhos.

Foi quando se aproximou a sua outra metade neste mundo, um irmão em Grajaú. A possibilidade de comunicação surgiu no ângulo quente da esquina acompanhando uma senhora, e encarnada na figura de um cão. Era um basset lindo e miserável, doce sob a sua fatalidade. Era um basset ruivo.

Lá vinha ele trotando, à frente da sua dona, arrastando o seu comprimento. Desprevenido, acostumado, cachorro.

A menina abriu os olhos pasmados. Suavemente avisado, o cachorro estacou diante dela. Sua língua vibrava. Ambos se olhavam.

Entre tantos seres que estão prontos para se tornarem donos de outro ser, lá estava a menina que viera ao mundo para ter aquele cachorro. Ele fremia suavemente, sem latir. Ela olhava-o sob os cabelos, fascinada, séria. Quanto tempo se passava? Um grande soluço sacudiu-a desafinado. Ele nem sequer tremeu. Também ela passou por cima do soluço e continuou a fitá-lo.

Os pêlos de ambos eram curtos, vermelhos.

Que foi que se disseram? Não se sabe. Sabe-se apenas que se comunicaram rapidamente, pois não havia tempo. Sabe-se também que sem falar eles se pediam. Pediam-se, com urgência, com encabulamento, surpreendidos.

No meio de tanta vaga impossibilidade e de tanto sol, ali estava a solução para a criança vermelha. E no meio de tantas ruas a serem trotadas, de tantos cães maiores, de tantos esgotos secos - lá estava uma menina, como se fora carne de sua ruiva carne. Eles se fitavam profundos, entregues, ausentes do Grajaú. Mais um instante e o suspenso sonho se quebraria, cedendo talvez à gravidade com que se pediam.

Mas ambos eram comprometidos.

Ela com sua infância impossível, o centro da inocência que só se abriria quando ela fosse uma mulher. Ele, com sua natureza aprisionada.

A dona esperava impaciente sob o guarda-sol. O basset ruivo afinal despregou-se da menina e saiu sonâmbulo. Ela ficou espantada, com o acontecimento nas mãos, numa mudez que nem pai nem mãe compreenderiam. Acompanhou-o com olhos pretos que mal acreditavam, debruçada sobre a bolsa e os joelhos, até vê-lo dobrar a outra esquina.

Mas ele foi mais forte que ela. Nem uma só vez olhou para trás.

in "Felicidade Clandestina" - Ed. Rocco - Rio de Janeiro, 1998

segunda-feira, maio 10, 2004


Riscos
Goethe

Do que adianta você ter esta alma colada aos ossos dessa carne errada?
Sem o risco, a vida não vale a pena.
Se você não quiser arriscar, não comece.
Isso quer dizer: se você arriscar, perder namorada, esposa, filhos, emprego, a cabeça, e até a alma.
Mas, é sempre melhor isso do que olhar pra todas essas outras pessoas que nunca acertam porque nunca se propõe ao risco.
Cobaia Voluntária

É por isso que escrevo. É por isso que vivo.
Quero registrar as neuras da minha geração. Para uma análise histórica e psicológica do meu tempo.
Nossa, pensando bem, acho q não sou a mais indicada pra isso.
Passei 3 vezes na fila da neura-rs
Se alguém puder escrever aqui comigo eu agradeço, pq é muito mico escrever sempre sozinha.
É como o ator que tem dor-de-barriga no meio de um monólogo.
Num há improviso que aguente.

domingo, maio 09, 2004

Sobre Família...

Esse parece ser o vínculo mais problemático da maioria das pessoas. No espiritismo eles até costumam dizer que são pessoas que reencarnam para resolver coisas fortes quem não conseguiram em outras vidas. Geralmente foram inimigos, traidores, tiranos e hoje têm a chance de evoluir e se perdoarem. O dia-a-dia é visto como um exercício de tolerância.
Já no budismo a coisa parece ser mais light, o amor já é incondicional. É o amor que não pede correspondência, que deixa fluir como um rio. Que não importa o quanto a pessoa é ruim, vc vai amá-la sem julgamentos. E vai agir conforme sua consciência.

A família só tem o amor presente por causa da convivência que é mantida.
Passei a pensar que o amor é como balões com neon que estão soltos pelo ar. É necessário que no mínimo duas pessoas estejam dispostas a estourá-los com a barriga, num abraço forte, como nas gincanas infantis.
Esses balões de amor circulam... por isso é necessário estar perto, conviver com os parceiros da gincana.
Render-se às chantagens da família e da velhice é como se entregar às paixões daquelas mesquinhas, pegajosas.
Não concordo que se deva estar presente incondicionalmente. Porque fazer isso é passar a mão na cabeça e consequentemente enfraquecer aos pais, aos filhos.
O respeito não é só passivo. Ele deve agir sem piedade quando for necessário um afastamento forçado para que algumas sementes sejam plantadas no solo do sentimento verdadeiro.
Amar é pensar só no outro. E ser amado é deixar livre para ser escolhido e lembrado.
Num dá pra forçar o amor por osmose. Ele não consegue vir assim, em estado bruto.
O amor é a paixão e a compaixão filtrados.
É preciso ter sobrando para compartilhar, estar sereno para enxergar o outro. Antes disso, tudo parece auto-afirmação, recalque, reconhecimento.
'Dia das Mães' é comercialismo!!!

E vc acreditou que era um dia especial?


Não vá me 'pagar o mico' de ir ao shopping para lembrar que tem/tinha mãe!-rs

sexta-feira, maio 07, 2004

Sobre blogger...

Espero nunca cometer o "erro" de deixar aparecer quem são as pessoas do meu convívio. Até porque tudo o q digo, no geral, é mais o que vem da minha mente "criminosa" e do mix das coisas que leio, vejo, escuto e assisto do que de fontes específicas e reais.
Não há nada mais decepcionante do que estar interessada em alguém e descobrir que a pessoa expõe os amigos, as relações íntimas em troca de um texto de internet.
Sempre penso como ainda não tirei essa página do ar. Até nota zero já me deram-rs
E merecidamente!
É uma nova forma íntima de se comunicar. É como páginas de diário que podem ser lidas pelos pais de adolescentes conturbadas.

O que acho mais interessante nos bloggers, é que mesmo as pessoas que são mais inseguras e sem grandes convicções - como eu - são as que se tornam mais carismáticas e interessantes neste novo "veículo".

É bom encontrar pessoas, também pela net, que conseguem ver um pouquinho além das próprias vidinhas e que tentam através de caminhos mais árduos serem honestas para alguém.

Não vou ficar ensaiando de encerrar este blogger, porque seria como pedir confete em final de carnaval ou agir como aquela banda ruim de rock que deixa as músicas melhorzinhas para o bis...rs

Vai que ninguém pede bis e a coisa morre de ultrapassada...

terça-feira, maio 04, 2004

Clichês
Nossa, definir as coisas como clichês é uma coisa arrogante né?
Quero me redimir: vou fazer um texto para homenagear os clichês!
Será que você ainda pensa?
Todas musiquinhas clichês começam com "chove lá fora"-rs
Como eu já não sei mais o que é fora - porque só vivo o de dentro e não me importo mais com o lado de fora - acho q hoje tá chovendo, relampiando, aqui dentro.
Como é bom ser livre para fazer escolhas, criar alternativas de tudo que já foi visto.
O eterno retorno a que Nietzsche se referia.
Como aquele fotógrafo que batia fotos da sua rua por 20 anos e que as pessoas não notavam a diferença do tempo, das estações, das sutis e eternas mudanças.
O que é azul para mim, pode ser visto como vermelho e interpretado como azul pra vc.
Eu posso passar horas tentando te convercer que isto é azul e vc não achar nenhuma estranheza, mesmo que veja o que é vermelho pra mim. E nunca iremos saber de verdade o que vemos.Ou melhor, o q seria a verdade ou até mesmo se vemos.
A ambigüidade da literatura é que me pulsa a esboçar sorrisos, inventar sonhos que não são meus.
Poucos o entenderam...
"Será que vc ainda pensa em mim?
Será que vc ainda... pensa?"

Domingo senti você passar... mesmo que esta não seja a sua cidade, que a possibilidade seja mínima e que você estivesse fora do meu orbital, desviei o olhar porque meus nervos não aguentariam mais essa pressão.
Como se o que eu via fosse desmanchar como espuma pisada.
Decidi não olhar para atrás e pela última vez te perdi.

domingo, maio 02, 2004

Barbie Mal-Amada

Barbie e Ken rompem relacionamento
Depois de 43 anos, Barbie e seu namorado Ken romperam o relacionamento. O anuncio foi feito ontem por Russell Arons, vp de marketing da Mattel, fabricante dos bonecos. Parodiando os discursos de porta vozes de casais famosos, assegurou que os dois "permanecem bons amigos". A 'noticia' coincide com o lançamento da Cali Girl Barbie, versao da boneca inspirada nas garotas da California. Veste short, sutian de biquini e tem a 'pele' bronzeada. O executivo sugeriu que, no final do 2o semestre, outro homem pode surgir na vida da boneca. Com noticiario da AP e da France Presse. 13/02
O Papa é Cult
Palavras do Papa, segundo a agência EFE/ Último Segundo IG:

"Vocês são ordenados padres em uma época na qual fortes tendências culturais tentam fazer com que os jovens e as famílias esqueçam Deus. Mas não tenham medo, Deus estará sempre com vocês".
"Se vocês estiverem cheios de Deus, serão verdadeiros apóstolos da nova evangelização", afirmou.
A Fábrica do Poema
(Adriana Calcanhoto e Waly Salomão)

Sonho o poema de arquitetura ideal
Cuja própria nata de cimento
Encaixa palavra por palavra, tornei-me perito em extrair
Faíscas das britas e leite das pedras
Acordo
E o poema todo se esfarrapa, fiapo por fiapo
Acordo
O prédio, pedra e cal, esvoaça
Como um leve papel solto à mercê do vento e evola-se
De cinza de um corpo esvaído de qualquer sentido
Acordo, e o poema-miragem se desfaz
Desconstruído como se nunca houvero sido
Acordo !
Os olhos chumbados pelo mingau das almas e os ouvidos moucos
Assim é que saio dos sucessivos sonos
Vão-se os anéis de fumo de ópio
E ficam-me os dedos estarrecidos
Metonímias, aliterações, metáforas, oxímoros
sumidos no sorvedouro
Não deve adiantar grande coisa permanecer à espreita
do topo fantasma da torre de vigia
Nem dormir deveras
Pois a questão chave é:
Sob que máscara retornará o recalcado?

sábado, maio 01, 2004

Eu tenho um mundo já construído, mas não dá tempo de fazer isso fora da minha cabeça.
"Falta dinheiro, falta sexo, falta poesia!"

Em contrapartida, o dia-a-dia tem-me roubado algumas lágrimas em filas de supermercado, na rua, em qualquer lugar que há vida. Sabe aquelas lágrimas que saltam no meio do nada? É assim que não-reajo diante das mazelas do mundo.

De noite vi um idoso - de sexo identificável - que acho que ainda não foram criadas as palavras para se identificar o tipo de deficiência dele. Mal falava, era corcunda, os olhos fechados, um andar comprometido, respirava com a dificuldade de alguém que tivesse um ataque pilético constante.
Todos que o viram deram-lhe um trocado (detalhe: ele não estava pedindo).
Ele foi ao corredor de doces e escolheu um pacote de biscoitos. Até o rapaz que trabalhava no caixa pediu para que ele passasse sem pagar porque ficaria por sua conta.

Agora te pergunto: você acha que as pessoas deram-lhe dinheiro porque sentiram inveja da força que aquele(a) senhor(a) - que dava um tapa na cara de toda aquela hipocrisia - tinha pra escolher seu pacote de biscoitos preferido?

Eu acredito que as pessoas só fizeram isso exclusivamente por medo do "castigo" por tudo que não fazem de bom diariamente. Por tudo que são e pelo o que deixam de fazer no nível de consciência que vão adquirindo.

Esse fato fez-me lembrar automaticamente de outro que ocorreu na hora do almoço.
Dentro de uma lanchonete um menino de uns 12 anos, perfeito e bem vestido abordava todas as pessoas que entravam e dizia: "Sr. o que posso fazer para ganhar 1 real?"

Adivinha o que ele precisava fazer?
"Nada. Eu te dou sem que você precise fazer nada querido."
"Não precisa nada não. Tó o dinheiro"

E adivinha o que ele foi fazer com o dinheiro?
Comprar cortante para pipa.

Noutro dia, vi uma fila de dobrar quarteirões num banco, um senhor sendo mal atendido numa cadeira de rodas por ter deficiência na fala enquanto uma roda de mulheres ficava em cima de uma menina de uns 5 anos que esboçava pensamentos.
"Que bonitinha!"

Voluntariado não é ir no final de um domingo visitar idosos ou crianças abandonadas, é sair voluntário de casa, e também ao estar dentro de casa. Com alguém ou com algo.
As plantas precisam também de sorrisos.

Aliás o "alma penada" - que é a forma como as pessoas o chamam aqui no bairro - é aposentado e chama-se Sra. Socorro.

quarta-feira, abril 28, 2004

Hahahaha!

Hoje é aniversário do Hahaha.
Todos os amigos do Hahaha estão reunidos.
O Kakaka veio vestido de black tie. Maroto como sempre, vem de namorada nova, desta vez a delicada Ihihi - que acerta em cada palavra que sussurra um coração desprotegido.
O casal mais antigo dos amigos é a Ticati e o Cabum. Esses quando se reunem, põem todos pra dançar.
As crianças já começam a correm pela sala e a roubar os brigadeiros em cima da mesa. O Aka e a Kaacá formam o casal mais hilário da cozinha. Terminam de passar o chantilly no bolo, nos rostos e fazem travessuras para distrair o tímido Ehehe.
O amigo mais descolado da festinha surpresa para o Hahaha é o RSS. Todos dizem que ele nasceu num planeta abstrato e corrido, mas que não se adaptou à falta de companhia e por isso gostava tanto daqueles amigos felizes da cidade Alegria.

Ahaha estava demorando. Os amigos se revezavam até a porta para ver se ele se aproximava.

Duas horas depois, cheios de ansiedade e expectativas os alegres amiguinhos correram para a sala e apagaram a luz. Se posicionam. Entrou o Ahaha.

Mas antes que começassem a cantar os Parabéns, todos percebem que o Ahaha estava muuuuito diferente. Ele tinha no rosto uma feição que eles ainda não conheciam e ao acender as luzes eles se depararam com uma outra pessoa: o Ahh!
- O Ahaha foi assaltado!
-Roubaram-lhe a esperança!

O que sobrou para a festa, foi o Ahh, da decepção e do broxante-rs

Putz, acho q estou precisando seriamente ir dormir.

Boa Noite.
Solidão

Ela só existe ou se manifesta na falta de algo. Mas e na falta desse algo... mudaria ela seu nome?
Como uma parede mofada, a necessidade se aproxima:o oco, a casca dissolvida, o macio que se rasga, a pedra que se rompe.
Nenhuma parede é tão rígida que não possa ser derrubada ou que não caia por si só.
Nada é concreto. Nem mesmo a representação da própria palavra.
O material foi elaborado para que a construção fosse inabalável, assim como nascemos para sermos fortes. E isso não acontece.
Não há tolerância verdadeira. Existe o interesse de se safar.
O outro só é visto através da nossa necessidade momentânea.

Por outro lado, precisamos sentir afeto. Afeto como verbo de interação. Afetar e também sermos afetados por algo que exista além de nós.
Transpor o que não é nosso. Observar o que poderíamos ser.
Através dos teus olhos, construir minha personalidade e do teu caráter fazer um travesseiro macio.

Mas isso ainda não acontece.

E o ainda é a parte da transcendência.
Mudanças

Bom dia querido!

Pena eu saber pouco sobre você, mesmo que uma planta não consiga enxergar outra planta, estou aqui para "dialogar" com você.
Pensei sobre o que me escreveu e acho que meu estado normal é mutante.
Quando começo a escrever, o que me faz começar a juntar palavras já está defasado.
Essa visão pessimista, essa rabugice gratuita é só uma máscara para que as pessoas não criem muitas expectativas sobre o que sou ou o que quero.
Sinto muito mais do que consigo sintetizar em palavras, mas hoje em dia, acho que isso não tem me valido de nada.
Tomei a decisão de voltar a vestir máscaras. As pessoas subestimam demais o amor.
Sempre me questiono por que evito falar sobre política, religião ou qualquer coisa que necessite de algum tipo de dedicação.
Muitas vezes sinto vontade de passar horas tentando fazer rascunhos do que me vêm à pele, no vento, na carne, mas nada consigo expressar de novo, de original.
Na verdade, nem pensar sozinha consigo mais.
Quando consigo ver as coisas de forma lúcida, acabo dormindo por tardes inteiras. Acordo e vejo o igual. Volto a dormir. Há muita novidade, mas são coisas que se originam das mesmas fontes falhas humanas.
Abstrações, alucinações, força do inconsciente.
A vida parece ser pura projeção.
Escolha o tema do seu livro e mande embora o que você é.

Mudarei sim.

Um grande abraço.

terça-feira, abril 20, 2004

Incoerência

Só agüento solidão porque ainda acredito nas sementes de amizade que plantei.
Mas se isso demorar a acontecer, pretendo estar disposta a ser desconhecida e a recomeçar apenas pela superfície.
Nunca mais me aprofundar.

quinta-feira, abril 15, 2004

Dia bonito.
A partir da consciência dos fatos, impossível voltar ao desconhecido.
Hoje cansei-me da lavagem cerebral e agora estou indo ao cinema.
Gosto da quebra do previsível.
Vou pegar a primeira sessão e depois tentar achar uma praça para
aproveitar o dia embaixo de uma árvore.

Estou sufocada!

Tive uma visão pra dentro das pessoas e pra realidade e isso mudou
minha semana. Estou pensando como uma adulta, enfim!

Defini alguns dos desejos que não sabia q tinha e passarei a traçá-los
amanhã. Ou talvez hoje mesmo, embaixo desta árvore escolhida.

terça-feira, abril 13, 2004

Nossa, faz tanto tempo que não passo por aqui (net) que nem sei por onde recomeçar...
Esse afastamento "forçado" me fez rever conceitos, resolver pendências antigas.

O homem, assim como na História da Evolução, precisa de problemas para se mover e tomar novas decisões. Somos a única espécie capaz de prever futuro.

Hoje ouvi que pessoas maduras são aquelas que escolhem seus problemas e que essa força, essa coisa pulsante que às vezes nos falta está diretamente ligada ao grau de risco ao qual nos submetemos.

Não consegui ainda assimilar ou detectar o motivo que faz "mestrandos" serem arrogantes como aos que tenho visto por aqui. Na verdade, acredito que o dinheiro acidentou-nos a estar aqui.

terça-feira, março 30, 2004

Preciosidade
Clarice Lispector
(...)
Foi para o lavatório. Onde, diante do grande silêncio dos ladrilhos, gritou aguda, supersônica:
- Estou sozinha no mundo! Nunca ninguém vai me ajudar, nunca ninguém vai me amar! Estou sozinha no mundo!

Estava ali perdendo também a terceira aula, no longo banco do lavatório, em frente a várias pias. "Não faz mal, depois copio os pontos, peço emprestado os cadernos para copiar em casa - estou sozinha no mundo!", interrompeu-se batendo várias vezes a mão fechada no banco. O ruído dos quatro sapatos de repende começou como uma chuva miúda e rápida. Ruído cego, nada se refletiu nos ladrilhos brilhantes. Só a nitidez de cada sapato que não se emaranhou nenhuma vez com outro sapato. Como nozes caindo. Era só esperar como se espera que parem de bater à porta. Então pararam.

Quando foi molhar os cabelos diante do espelho, ela era tão feia.

Ela possuía tão pouco, e eles haviam tocado.

Ela era tão feia e preciosa.

Estava pálida, os traços afinados. As mãos, umedecendo os cabelos, sujas de tinta ainda do dia anterior. "Preciso cuidar mais de mim", pensou. Não sabia como. A verdade é que cada vez sabia menos como. A expressão do nariz era a de um focinho apontando na cerca.

Voltou ao banco e ficou quieta, com um focinho. "Uma pessoa não é nada." "Não", retrucou-se em mole protesto, "não diga isso", pensou com bondade e melancolia. "Uma pessoa é alguma coisa", disse por gentileza.

Mas no jantar a vida tomou um senso imediato e histérico:

- Preciso de sapatos novos! Os meus fazem muito barulho, uma mulher não pode andar com salto de madeira, chama muita atenção! Ninguém me dá nada! Ninguém me dá nada! - e estava tão frenética e estertorada que ninguém teve coragem de lhe dizer que não os ganharia. Só disseram:

-Você não é uma mulher e todo salto é de madeira.

Até que, assim como uma pessoa engorda, ela deixou, sem saber por que processo, de ser preciosa. Há uma obscura lei que faz com que se proteja o ovo até que nasça o pinto, pássaro de fogo.

E ela ganhou os sapatos novos.

quinta-feira, março 25, 2004

Hoje pude começar a entender o ínicio do novelo de lã de que somos feitos.
Da crechê à Previdência, o homem não se difere dos animais em nada.
Como os filhotes que saem inseguros da casca.
Como os anciões que se arriscam por já estarem no final da linha.

quarta-feira, março 24, 2004

Olá amigos! Desculpem-me pelo sumiço, mas meu micro está com vírus e desconecta a cada minutooooooooooooooo... (caiu).
Voltarei em breve!!

Um grande beijo!

quinta-feira, março 04, 2004

Acontece
Cartola
Esquece nosso amor vê se esquece
Porque tudo no mundo acontece
E acontece que já não sei mais amar
Vai chorar vai sofrer
E você não merece
Mas isso acontece
Acontece que meu coração ficou frio
E nosso ninho de amor está vazio
Se eu ainda pudesse fingir que te amo
Ai se eu pudesse
Mas não quero, não devo fazê-lo
Isso não acontece
Grito de Alerta
Gonzaguinha

Primeiro você me azucrina
Me entorta a cabeça
e me bota na boca
um gosto amargo de fel
Depois vem chorando desculpas
assim meio pedindo
querendo ganhar
um bocado de mel
Não vê que então eu me rasgo
engasgo, engulo
reflito e estendo a mão
E assim nossa vida
é um rio secando
as pedras cortando
eu vou perguntando
até quando?
São tantas coisinhas miúdas
roendo, comendo
arrasando aos poucos
com o nosso ideal
São frases perdidas num mundo
de gritos e gestos
num jogo de culpa
que faz tanto mal
Não quero a razão pois eu sei
o quanto estou errado
e o quanto já fiz destruir
Só sinto no ar o momento
em que o copo está cheio
e que já não dá mais pra engolir
Nosso caso é uma porta entreaberta
Eu busquei a palavra mais certa
Vê se entende o meu grito de alerta
Veja bem
É o amor agitando meu coração
Há um lado carente dizendo que sim
E essa vida da gente gritando que não

quarta-feira, março 03, 2004

O telefone toca, seu amigo acaba de falecer.
Que merda que é essa vida!!
A gente só vê sentido, qdo alguém se vai.
Tô arrasada só com a possibilidade de que isso venha a acontecer... e que falte uma palavra, que se esqueça de ser dito em vida tudo o q a pessoa representou para vc e o qto ela contribuiu na sua existência.
Há pessoas que são anjos.
Egoísmo o suicídio.
Daria minha vida pelas pessoas fiéis e tentaria recuperá-la pela fidelidade alheia.
Viver é uma responsabilidade com os outros. E viver bem é o q fará com q esses 'outros' tb sejam mantidos.
Os cachorros que morrem durante nossa infância são uma amostra grátis de sofrimento, uma preparação pras cacetadas q vêm depois.

segunda-feira, março 01, 2004

'Insights' geram bebês

Há tempos q não deitava exclusivamente para ler um livro. Sei mais de livros q nunca li, dos q li apenas algumas páginas.
Qdo começo um livro q sinto q vou chegar até o final, já começo a sofrer por antecipação, pq sei q aquela magia vai acabar e depois de fechada a última página, terei q voltar para o mundo.
Mas hj especificamente, por coincidência me caiu um livro da Clarice nas mãos! Enfim, vou lê-la até o fim. Pelo menos era o q achava até 10 minutos atrás.
Por ela seria até bissexual-rs
Nossa, q elogio mais grotesco! Aliás, por qualquer amigo meu o seria.
Seria homem para um outro homem, homem ideal para as mais exigentes. Seria pai, seria amante, seria a menina de olhos amendoados e cabelos lisinhos e naturais para outros. Seria a virgem do altar, ou seria Deus que faz cafuné em dias de chuva.
Com meus amigos, q fui escolhendo ao longo da vida, teria a confiança de ter filhos, de tentar ser feliz juntos. Mas só assumirei esse meu lado sem sexo, assim como os anjos, qdo me sentir apta e voluntária a ser gente grande.
Por enquanto vou treinando com homens estranhos e substituíveis-rs

Mas voltando à Clarice... estava reparando q o ato da escrita se dá por um insight, que começa a ser elaborado até puxar outro e assim sucessivamente. O problema é q há autores que não desenvolvem bem isso e vc para no meio da leitura. Alguns vc até tenta diversas vezes, pq são nomes tão "conceituados" por este universo 'cult' q vc não se conforma de não ter suportado o cara.

É só um insight, que leva a outros.
Assim como a vida.
Paixão é um insight. Que te leva a elaborar o livro. Então vc acorda bem, conversa com plantas, sente o sol, lembra dos pequenos detalhes... vai moldando o dia-a-dia, lembra de praia, de mato, de pescaria, de família, de sentir o cheiro de pão quente.
Mas tudo isso é só passatempo até q o livro se acabe.
Ufa! O livro termina. Dói. A magia pode até ficar por mais um tempo, mas vc sabe q se relê-lo não será como na primeira vez. Mesmo q passem anos, vc sabe como termina aquela história. Vai tentar sentir alegria ao entender detalhes q passaram despercebidos, mas sabe como aquilo vai terminar.
E se desespera. Por saber q tudo isso é inevitável.

quinta-feira, fevereiro 26, 2004

Nossa, q coisa forte acabo de ouvir: sou gaúcha da gema, só preciso atualizar meu endereço! - amigos são sempre um amor.
Nestes dias, acabei por concluir que depois dos vinte, o luxo é ser simples. A gente passa grande parte da vida buscando o rebuscado para aprender o valor do simples. Pior. Hoje o simples se torna o rebuscado! Quão difícil é ser gente qdo nos tornamos egoístas, vaidosos, tiranos. Ouvi alguém dizer q nascemos perfeitos e vamos adquirindo os defeitos com as circunstâncias. Tô perdida de novo!
Como é difícil ser tolerante! Ser doce sem se corromper. Amar pelo prazer de fazê-lo.
Vivo tentando fugir da net, mas acho q meu nível "freak" já não me permite isso...
Neuras trocadas online, gente que só fala de si e se incomoda ao ouvir o outro e assim, concretizar o q chamamos de diálogos. Realmente minha amiga, uma planta não ouve outra planta.
Gente fraca, sem escrúpulos. Enquanto aquela família que é feliz e nem pensa nisso galopa pelos campos de hortênsias roxeadas. De onde surgem os clichês. Da fonte de toda essa alegria humana e natural.

terça-feira, fevereiro 24, 2004

Minha flor, meu bebê
Dé/ Cazuza


Dizem que tô louco
Por te querer assim
Por pedir tão pouco
E me dar por feliz
Em perder noites de sono
Só pra te ver dormir
E me fingir de burro
Pra você sobressair


Dizem que tô louco
Que você manda em mim
Mas não me convencem, não
Que seja tão ruim
Que prazer mais egoísta
O de cuidar de um outro ser
Mesmo se dando mais
Do que se tem pra receber
E é por isso que eu te chamo
Minha flor, meu bebê


Dizem que tô louco
E falam pro meu bem
Os meus amigos todos
Será que eles não entendem
Que quem ama nesta vida
Às vezes ama sem querer
Que a dor no fundo esconde
Uma pontinha de prazer
E é por isso que eu te chamo
Minha flor, meu bebê

# E bate forte coração... ôô... minha Mocidade vai passar.
Pisa firme nesse chão, gente boa. Parabéns, terra da garoa #

É preciso estar bem acompanhada para sentir-se completamente
sozinha depois...

quarta-feira, fevereiro 18, 2004

Tô enchendo de textos, ok... último:
(Lembra da conotação sexual da paixão? Pode ser.)

Amor e Sexo
(Rita Lee/Roberto de Carvalho/Arnaldo Jabor)

Amor é um livro - Sexo é esporte
Sexo é escolha - Amor é sorte
Amor é pensamento, teorema
Amor é novela - Sexo é cinema
Sexo é imaginação, fantasia
Amor é prosa - Sexo é poesia
O amor nos torna patéticos
Sexo é uma selva de epiléticos

Amor é cristão - Sexo é pagão
Amor é latifúndio - Sexo é invasão
Amor é divino - Sexo é animal
Amor é bossa nova - Sexo é carnaval

Amor é para sempre - Sexo também
Sexo é do bom - Amor é do bem
Amor sem sexo é amizade
Sexo sem amor é vontade
Amor é um - Sexo é dois
Sexo antes - Amor depois

Sexo vem dos outros e vai embora
Amor vem de nós e demora

Amor é isso
Sexo é aquilo
E coisa e tal...
E tal e coisa...
Não, Vitor Hugo vem antes de Frejat-rs

Desejo
Vitor Hugo

Desejo primeiro que você ame,
E que amando, também seja amado.
E que se não for, seja breve em esquecer.
E que esquecendo, não guarde mágoa.
Desejo, pois, que não seja assim,
Mas se for, saiba ser sem desesperar.

Desejo também que tenha amigos,
Que mesmo maus e inconseqüentes,
Sejam corajosos e fiéis,
E que pelo menos num deles
Você possa confiar sem duvidar.
E porque a vida é assim,
Desejo ainda que você tenha inimigos.
Nem muitos, nem poucos,
Mas na medida exata para que, algumas vezes,
Você se interpele a respeito
De suas próprias certezas.
E que entre eles, haja pelo menos um que seja justo,
Para que você não se sinta demasiado seguro.

Desejo depois que você seja útil,
Mas não insubstituível.
E que nos maus momentos,
Quando não restar mais nada,
Essa utilidade seja suficiente para manter você de pé.

Desejo ainda que você seja tolerante,
Não com os que erram pouco, porque isso é fácil,
E que fazendo bom uso dessa tolerância,
Você sirva de exemplo aos outros.

Desejo que você, sendo jovem,
Não amadureça depressa demais,
E que sendo maduro, não insista em rejuvenescer
E que sendo velho, não se dedique ao desespero.
Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor e
É preciso deixar que eles escorram por entre nós.

Desejo por sinal que você seja triste,
Não o ano todo, mas apenas um dia.
Mas que nesse dia descubra
Que o riso diário é bom,
O riso habitual é insosso e o riso constante é insano.

Desejo que você descubra,
Com o máximo de urgência,
Acima e a respeito de tudo, que existem oprimidos,
Injustiçados e infelizes, e que estão à sua volta.

Desejo ainda que você afague um gato,
Alimente um cuco e ouça o joão-de-barro
Erguer triunfante o seu canto matinal
Porque, assim, você se sentirá bem por nada.

Desejo também que você plante uma semente,
Por mais minúscula que seja,
E acompanhe o seu crescimento,
Para que você saiba de quantas
Muitas vidas é feita uma árvore.

Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro,
Porque é preciso ser prático.
E que pelo menos uma vez por ano
Coloque um pouco dele
Na sua frente e diga "Isso é meu",
Só para que fique bem claro quem é o dono de quem.

Desejo também que nenhum de seus afetos morra,
Por ele e por você,
Mas que se morrer, você possa chorar
Sem se lamentar e sofrer sem se culpar.

Desejo por fim que você sendo homem,
Tenha uma boa mulher,
E que sendo mulher,
Tenha um bom homem
E que se amem hoje, amanhã e nos dias seguintes,
E quando estiverem exaustos e sorridentes,
Ainda haja amor para recomeçar.
E se tudo isso acontecer,
Não tenho mais nada a te desejar.

Perdoando Deus
Clarice Lispector
(...)
Enquanto eu imaginar que "Deus" é bom so porque eu sou ruim, não estarei amando nada: será apenas o meu modo de me acusar. Eu, que sem nem ao menos ter me percorrido toda, já escolhi amar ao meu contrário, e ao meu contrário quero chamar de Deus. Eu, que jamais me habituarei a mim, estava querendo que o mundo não me escandalizasse. porque eu, que de mim só consegui me submeter a mim mesma, pois sou tão mais inexorável do que eu, eu estava querendo me compensar de mim mesma com uma terra menos violenta que eu. Porque enquanto eu amar a um Deus só porque não me quero, serei um dado marcado e o jogo de minha vida maior não se fará. Enquanto eu inventar Deus, Ele não existe.
Sob medida
Chico Buarque/1979
Para o filme República dos Assassinos de Miguel Faria Jr


Se você crê em Deus
Erga as mãos para os céus
E agradeça
Quando me cobiçou
Sem querer acertou
Na cabeça
Eu sou sua alma gêmea
Sou sua fêmea
Seu par, sua irmã
Eu sou seu incesto (seu jeito, seu gesto)
Sou perfeita porque
Igualzinha a você
Eu não presto
Eu não presto

Traiçoeira e vulgar
Sou sem nome e sem lar
Sou aquela
Eu sou filha da rua
Eu sou cria da sua
Costela
Sou bandida
Sou solta na vida
E sob medida
Pros carinhos seus
Meu amigo
Se ajeite comigo
E dê graças a Deus

Se você crê em Deus
Encaminhe pros céus
Uma prece
E agradeça ao Senhor
Você tem o amor
Que merece
Ai, ai... se eu fosse dos anos 70, esse Chico não me escaparia-rs

Olhos nos olhos
Chico Buarque/1976



Quando você me deixou, meu bem
Me disse pra ser feliz e passar bem
Quis morrer de ciúme, quase enlouqueci
Mas depois, como era de costume, obedeci

Quando você me quiser rever
Já vai me encontrar refeita, pode crer
Olhos nos olhos, quero ver o que você faz
Ao sentir que sem você eu passo bem demais

E que venho até remoçando
Me pego cantando
Sem mas nem porque
E tantas águas rolaram
Quantos homens me amaram
Bem mais e melhor que você

Quando talvez precisar de mim
'Cê sabe que a casa é sempre sua, venha sim
Olhos nos olhos, quero ver o que você diz
Quero ver como suporta me ver tão feliz

"... Olha
Será que ela é moça
Será que ela é triste
Será que é o contrário
Será que é pintura
O rosto da atriz
Se ela dança no sétimo céu
Se ela acredita que é outro país
E se ela só decora o seu papel
E se eu pudesse entrar na sua vida..."

Chico Buarque

terça-feira, fevereiro 17, 2004

Sinto-me serena.
Acho q estou numa fase tranqüila de verdade.
Saio com meus amigos, passo madrugadas batendo papo furado, trocando nostalgias ou alimentando silêncios e isso me traz harmonia pra ver as coisas como elas realmente são.
Hoje, tenho prazer em ir ao cinema, ao teatro, em conhecer as pessoas, saber como elas pensam, de q forma elas passam os seus dias e os seus anos.
Psicólogos, jornalistas, programadores, professores, publicitários, estagiários, mestrados, engenheiros e funcionários públicos... todos são os mesmos.
Casados, solteiros, aventureiros..filhos ou não... apaixonados, idealistas, interesseiros ou interessados, todos nós seguimos da mesma forma.
Esses vazis tão previsíveis. Temos até vergonha de dizer q sempre nos falta amor, dinheiro ou ânimo.
Penso q a preguiça, o delírio, a paixão são coisas tão "batidas" q as pessoas têm vergonha de assumir q necessitam deles, mas q por apenas isso largariam todas as outras coisas com as quais matam seu tempo.
Realmente, o cotidiano é um grande origami que necessita ser desenvolvido, desdobrado, recortado, pintado, colado e compartilhado.
O problema é exigir isso, daqueles q não têm a menor predisposição para a arte.
Mas como uma avó carinhosa, gostaria de dar colinho a todos e enquanto passasse a mão na cabeça de cada um, sussurrar, assim baixinho:
- Vai criança. Cheire uma flor no meio do caminho. Esqueça a lancheira, o dever de casa, a menina do trenzinho. Pendure-se numa àrvore e sinta o vento tocar a sua face. Aproveite o seu momento, pq amanhã meu amor, amanhã vc não terá tempo para sorrir á toa.

______m_ºoº_m________



quinta-feira, fevereiro 12, 2004

Ele não veio.
E assim como ele, nenhum deles voltou para dar uma pista.
Será a pasta de dentes errada, o jeito escancarado, a maneira de se dar?

'Ele está atrás dela. Você atrás dele. E quem está atrás de você?'

quarta-feira, fevereiro 11, 2004

"A ironia é a de que não importa o quanto você faça para melhorar a si ou aos outros, você sempre vai se deteriorar e morrer. A grande vitória do indivíduo é perceber o absurdo da vida e aceitá-la. Como Deus não existe, o homem não tem ao que se apegar. Somos livres, sós e sem desculpas. Nada justifica a existência, o tédio dos dias e das noites, caminhos obscuros e desertos, o cotidiano. Mas isso não livra o homem da liberdade e da responsabilidade." Sartre

Uma tia, daquelas bem típicas, vendo a prateleira de livros diria: "Minha querida, com essas leituras vc não vai se casar tão cedo. Meu benzinho, vc não sabe q os homens não gostam das mulheres q pensam demais?"

Pensando nos 7 anos estudando estatística e contabilidade, resolvi fazer uma projeção financeira até 1º de julho.
Nesse processo, juntei todos os boletos, notas fiscais, contracheques, comprovantes de pedágios e bilhetinhos de bar pra saber em q gastei nestes oito meses de trabalho stressante!
No final das contas, deu prejuízo!-rs
Sete meses já se foram. Só consegui a filha mais nova do Lobão. Agora faltam mais sete.
"Tão longo amor, tão curta a vida"- Camões.
Uma vez li umas piadinhas dizendo q se os homens soubessem o q as mulheres fazem qdo estão sozinhas,não se casariam com elas.
Aí uma daquelas feministas respondeu que as mulheres tinham mania de perdem tempo com besteirinhas, e que depois, casavam-se com as besteirinhas.
Já os mais maliciosos dizem que se soubéssemos o q as pessoas fazem à noite, jamais as cumprimentaríamos na manhã seguinte.
Bobeiras à parte... hj tô sem assunto
OLá! (olá é sempre mais feliz que oi)
Neuras? Q neuras?
Ah, deixa isso pra lá, Carpe Diem pra todo mundo!

Sabe, toda vez q começo a escrever aqui, me dá até um negócio. Fico lembrando dos contos da Clarice, do Hesse, do Nelson Rodrigues... aí qdo me vem uma idéia, assim, um personagem novo (ou algo do gênero) no próprio rascunho já paro, pq realmente não há mais nada de original pra se dizer.
Lembro de um amigo: "Nossa Iris, o q vc tá fazendo? Q situação ridícula!"
Acho q aquelas redações da 2ª série são mais ricas que trocentas páginas de lamentações.
Oi.
Fui sugestionada a escrever sobre neuras.
Bah guria!
Então... como anda a vida?
Q vida? aquilo que acontece no intervalo entre o momento q levanto até o instante q sonho com o que qro?
É até estranho, mas consigo manipular de certa forma os sonhos.
Sabe, naquela hora q vc está sonhando e saca que aquilo num é verdade?
Aí vc começa a avacalhar: pula muros, dá mortais no ar, puxa a barba do presidente, come carne crua e se sente segura como a Luma de Oliveira?
Aliás: "Eu tb sei ser simplesinha".

Perái, vamos recomeçar sem rancores..rs

segunda-feira, fevereiro 09, 2004

Quando saio de casa,
Já vou derrotado.
Levanto, mas já desisti.
Sorrio, mas com desgosto.
Sigo o caminho.
Descrente, mudo de alma.
Surdo de fé.
Cego do corpo.
Paralisado de dor.
E uma criança sorri,
Já deveria estar na escola.
Um cão festeja,
Suja minha roupa.
Outra pessoa me ama,
até quando isso vai durar?
Estou atrasado, acaba logo com isso.
Tenho medo de você.
Vc tira meu sono.
Diz coisas pra mim q não teria coragem de dizer
Para alguém q está na mesma situação q a sua.

Tenho nojo de você.
Deixa seu corpo se estragar.
Entrega seus sonhos nas mãos do destino.
E vive como um bicho rastejante e irracional.

Tenho pena de você.
Pq hj não me alcança mais.
Vc não controla mais a sua mente.
Não acredita nas próprias coisas que diz.
E já sabe quem vc é.

Tenho culpa por você.
Porque apresenta a mim, o amor.
Faz-me crescer a pancadas.
E sente-se fraca ao ver que,
Mesmo q eu não tenha um deus,
Há um romantismo ao qual me agarrar.

Não tenho mais esperanças em você.
Vou até seu osso, lá só há vermes.
Não transcende. Vc já é o nada.
Você vira carne e agora só resta o que espelha.

Agora vá. Porque já vai tarde.
Alguém q não te conhece, a espera.
Chegue com a máscara, o sujo, o q não sobrou.

Finja uma reza.
Leia uma falsa história.
E diga que ama.
Só não revele a quem.
Meu pai é imprevisível!
Todo domingo qdo chega essa hora, já vou lá ouvir a opinião dele sobre os documentários.
Vendo o David Adams cruzando a Nigéria, onde os homens andam com os rostos cobertos (como máscaras que lhe dão poder) as mulheres fazem um rito, uma espécie de gritinhos movimentando as línguas na horizontal (como os coiotes).
Meu pai foi tentar imitá-las e qse deixou a dentadura cair. Disse, q desse jeito, nem precisam escovar os dentes!!

sábado, fevereiro 07, 2004

Ôpa, me pegou de surpresa-rs
Ia escrever em outra linha, estilo felicidade-palhaço-pimpão!

Abstraia:

Eu sou feliz.
Não há outro jeito! Até pq é mais fácil ser feliz.

Acordei triste por saber q meu pai está doente, torto, fraco. Mas o encontrei roubando sorvete (com um certo grau de dificuldade) da geladeira.
E saiu rindo como criança arteira.
Isso me encheu de alegria, de luz.
Meu cachorro passou frio à noite e só agora de manhã me dei conta disso. Troquei o pano. Ele me lambeu em agradecimento.
Talvez seja por isso q não deva culpar as outras pessoas pelas necessidades que são nossas. Isso tem o tempo certo para q o outro e a gente perceba.
O q não dá é ser omisso depois q se sabe o q para os outros é importante e o q não custa pra vc.

Meu pai é feliz, pq não se questiona o que é sê-lo.

Sou feliz e camuflo isso, por não saber lidar com a fraqueza e a imperfeição das coisas.
Meu cão depende de mim e sente alegria cada vez q é lembrado, o instinto é assim, sem expectativas ele dorme, dá uma volta e sempre é útil por uma pequena dose de afeto.
E esse é o universo de hoje-rs
E através do meu pai e do meu cachorro eu traço o perfil do mundo, crio as estatísticas das possibilidades de emergir de outra depressão.

sexta-feira, fevereiro 06, 2004

Putz, não dá desespero saber q daqui a dez anos poderemos estar na mesma?
De que, mesmo com casa, casados ou com 3 cachorros a vida poderá estar do mesmo jeito?
Tudo assim: a mesma paisagem, o mesmo assunto, a mesma falta de grana, a mesma política, o mesmo descaso e principalmente este mesmo vazio???
Pra q tudo isso hein?
Vou dormir, tô preferindo meus momentos inconscientes ultimamente...



quarta-feira, fevereiro 04, 2004

Tudo ainda está nítido.
A cada retorno, com uma intensidade diferente.

Ele alí, em seu cenário criado, regava a roseira enquanto esperava...
Dias, sem saber quantos; horas, mesmo sendo todas iguais.
Trancado em seus sonhos, cismado com as pessoas.
De verdade, o mundo não o merecia.

Ia para aquele canto do mundo, sem ter noção de que era possível encontrar um universo naquela vida, naqueles olhos tristes q o tempo se encarregou de tirar o brilho.
Do meu mundo àquele outro canto desconhecido, era o trajeto que fazia inconsciente, emocionada, alucinada!
Dirigir por duas horas, falhando a respiração e com as batidas aceleradas e irritmicáveis eu já me sentia parte do 'Pq Príncipe' que uma hora antes de ser repleto, era feliz.
Subir e descer serras sem ao menos saber trocar as marchas, sem interpretar aquilo como um risco, mas como a primeira esperança que brotava.
Ser capaz do q era impossível. Mover estátuas de concreto e acariciar alfinetes com as pontas dos dedos.

Naquele encontro, tudo o que era palavra se transformava em verdade.
Como a sensação de transpor no papel o desenho de um fenômeno.

Lágrima, suor, silêncio, falta de luz e de paz consumiam nossas almas. Sentados na cozinha trocávamos sorrisos sem mover os lábios.
E aquilo era poesia, mesmo sem antes ter aberto uma página de Bilac, era Neruda que rondava aquelas sutis troca de afeto e gratidão.
Era esfregar cobranças, mal entendidos e egoísmo (grudados na sola do sapato) naquele capacho feito de nuvens.

Ainda posso sentir seu cheiro e sua respiração quente. Posso sair de mim e ir até você. Já somos de um mesmo ribossômico. Já experimentamos o amargo do mundo para viver aquele momento sem precisar estarmos presentes e carnais.

O amor superestimado. Incondicional. Garantido. Confiado.

Um pacto que os anos vão manter. Eu já sou vc, pq não me identifico antes de fazer parte de vc.
Não há mais um eu em mim, tudo o q sou é no q me transformei através de vc.
Sou a falta que vc deixou. Supro o oco com o que sobrou de ti.

Flores precisam de terra, de carinho e de representações delas mesmas.
Uma flor com folhas, uma folha borrada à choro de flores de nanquim.
É tão fácil amar o q é imperfeito. É lembrar a incidência exata da luz a cada manhã,
da fresta da cortina que dava pra vc no jardim a cantar, a sorrir e a se preparar para uma nova espera.

Um nada compartilhado em fragmentos. Um cativeiro de esperanças restauradas.
A arte de um peixe assado à sol e câncer.
A maciez de uma manhã q parte sem medo e que olha para trás - para continuar o que ficou aberto - ansiosa para dar continuidade àquilo que não se pensa, mas que saliva diante do sabor da nostalgia.

terça-feira, fevereiro 03, 2004

A mulher deveria agir durante o dia como quando está de toalha.
Deveria permitir-se o silêncio nos momentos não só de reflexão,
mas de prazer. O prazer mudo é o completo. Cores, cheiros e
entrelinhas são o cotidiano que se perde em troca de meia dúzia
de palavras...
Deveria ela escolher a parede na qual pôr o pé e relaxar. Ler qquer
livro infantil, imaginar castelos e tentar se apaixonar pela história
do patinho feio novamente. Chorar ao assistir Dumbo, rir ao assustar
amigos com cobras de plástico.
Sentar em bancos de qualquer praça para se deliciar ao rasgar o plástico
de um novo disco ou livro. Chupar pirulitos. Puxar o cabelo do chefe e sair
correndo. Mostrar a língua da janela do ônibus para as crianças. Ser pega pelos sinos
de uma igreja.
Amar as pequenas coisas, sentí-las por dentro e retribuí-las, já filtradas, para
fora.

Enquanto ele planta uma roseira para o seu amor e espera até que um peixe asse.

Fazem arrozes juntos e riem da estranheza dos plurais... erram o coletivo de lobos, dos selos e o feminino de cabrito.

Abro a mão e sinto um rosto em minha palma.

N?im recebeu aquele embrulho com fitas assetinadas de bordas douradas e ficou sem saber o q fazer.
Entre a tentação da curiosidade e o medo de ser pega, ficou pensando no q aconteceria se abrisse aquele pacote na frente de todos.
Mas e se s? abrisse para ver do q se tratava?
Por?m, al? mesmo em suas m?os estavam embrulhados seu destino e sua nostalgia.

Como uma met?fora dos anos vividos, ela tremia e festejava cada vez q se via diante destas encruzilhadas.

Arriscar ou poupar-me de viver?

At? quando estourar o queixo no parapeito das esquinas?

Sã já achava que aquele embrulho, assim como todas as outras coisas,
n?o valheriam tanta adrenalina.

Na d?vida jogue-o fora.

Agonizar para qu??

Independente do que houvesse al?, n?o passaria de mais uma aventura fugaz.

N?im ent?o, 'suando, sofrendo,esfregando,apalpando' balan?ou aquela caixa.
Perdendo a noção do que era real e o q era del?rio sentiu o peso, daquilo q não era oco, e percebeu q o importante n?o era o objeto em sim q lhe era necess?rio, eram as possibilidades de combinações e o conte?do q existia.

Amadureceu o sentimento, sem saber jamais defin?-lo, resolveu ent?o, deixar que o mist?rio e o sil?ncio se encarregassem de transformar a magia daquela chacoalhada,
numa vit?ria cont?nua.
Três na manhã.
Quatro vítimas.
Uma bisnaguinha é encontrada aberta.
O assassino não deixou pistas.
Geléia esparramada ao redor do corpo.
As testemunhas se negam a depor.
Decreto 3.048/ de maio de 1999.

Perigoso estudar pra concurso!
Comer bisnaguinhas no escuro e cortá-las com faca de açougueiro é quase um genocídio! E para consumir o fato, ainda tô comendo sorvete de passas ao run dentro de uma melancia.

segunda-feira, fevereiro 02, 2004

Estremeço

Porque o amor é arrepiante
E nesta incerteza materializada
Sinto-me pura

A doçura do amor
Cai como uma lágrima sutil
E faz-me rir desta mentira
Que o mundo representa

Uma incerteza que me consola
Devolve-me a capacidade de acreditar
Na hortênsia que se abre
Numa manhã triste de ares alpinos

Entre o delírio, o incosciente
E a dureza do real
Parece-te imutável
Como fios de algodão no nariz
Espumas sobre os ombros
Como uma verdade que fere
E faz-me sorrir como criança

Mesmo diante da felicidade utópica
Mesmo q chova lá fora
Permaneço em estilhaços:
Migalhas do provável destino

Um universo se abre
Em meio à amargura, ao medo
E à vontade de correr nua
Como um anjo que perdeu as asas
Por falta de carinho

Nossa, tomei coragem para passar o link desse besteirol para os grandes amigos e tô me sentindo nua!
É estranha esta sensação, mas é a minha prova de confiança e a maneira que encontrei de mantê-los próximos a mim, em essência, e não com a casca que tenho mantido.

Oi desculpe colar o texto q me mandou aqui, mas não resisto a uma inquietação-rs

"Mas o homem é a tal ponto afeiçoado ao seu sistema e à dedução abstrata que está pronto a deturpar intencionalmente a verdade, a descrer de seus olhos e seus ouvidos apenas para justificar a sua lógica.
(...)
E como é que eu, por exemplo, me tranquilizarei? Onde estão as minhas causas primeiras, em que me apóie? Onde estão os fundamentos? Onde irei buscá-los?". Dostoiévski - Memórias do subsolo


domingo, fevereiro 01, 2004

"Experiência não é o que te acontece, é o que fazes com que te aconteça."
Victor Hugo

Metade
Oswaldo Montenegro

Que esse medo que eu tenho não me impeça de ver o que eu sei
Que a morte de tudo em que acredito não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que grito... mas a outra metade é silêncio.
Que a musica que ouço ao longe seja linda, ainda que tristeza
Que a mulher que eu amo seja para sempre amada, mesmo que distante
Porque metade de mim é partida... e a outra metade é saudade.
Que as palavras que eu falo não sejam ouvidas como prece, nem repetidas com fervor, apenas respeitadas como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos
Porque metade de mim é o que ouço... mas a outra metade é o que calo.
Que essa minha vontade de ir embora se transforme na calma e na paz que eu mereço
Que essa tensão que me corroe por dentro seja um dia recompensa
Porque metade de mim é o que penso... e a outra metade é o vulcão.
Que o medo da solidão se afaste
Que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável
Que o espelho reflita em meu rosto o doce sorriso que me lembro de ter dado na infância
Porque metade de mim é a lembrança do que eu fui... e a outra metade eu não sei.
Que seja preciso mais do que uma simples alegria para me fazer arquitetar o espírito
E que o teu silencio me fale cada vez mais
Porque metade de mim é abrigo... mas a outra metade é cansaço.
Que a arte nos aponte uma resposta mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar, porque é preciso simplicidade para fazê-la florescer.
Porque metade de mim é a platéia... e a outra metade é a canção
E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor... e a outra metade também.

segunda-feira, janeiro 26, 2004

PESSOAL QUE É FÃ DA BANDA!!!

ESSE AVISO É PRA VCS:

Estamos criando um concurso de poesias... quem quiser participar, mande
um poema em nosso livro de visitas! (Mínimo de 800 caracteres)

O prêmio vai ser uma tarde com o Deny na biblioteca!!

Ass: Anti- Quebradeira!

É a segunda vez, ao ver filmes nestes últimos meses, q me bate uma vontade de recomeçar a vida num lugar bem distante, como o oriente.

A cena de uma senhora ensinando uma ocidental a fazer arranjos com flores resume bem a tolerância do oriental. Do amor e da dedicação às pequenas ternuras da vida...
(Encontros e Desencontros - Lost in Translation, 2003)

Ou o amor silencioso, as metáforas de paixão que nos dão um tapa na cara, como Dolls do Kitano Takeshi (num sei qual é o sobrenome-rss).

Ah, esse final de semana foi bem "freak" tb: teve casamento ordinário, passeio de mercedez, festa trocada por hot dog com as amigas, Eródoto dando uma de leigo nas estatísticas de SP, Marta Suplicy contrariando às aulas de etiqueta e dando uma de macaca de auditório e engasgos dentro do cinema-rs

E dizer q minha vida é pacata!