Seguidores

terça-feira, outubro 28, 2003

Tenho a prévia do destino nas mãos: vasta solidão.
Depois que meu pai se for (se a natureza conseguir cumprir seu papel e se o desespero não interferir a ordem) nada irá sobrar.
Já sinto falta dos nossos diálogos silenciosos, da nossa convivência calada e rica em detalhes... Um ódio às avessas.
Ao perder-se o referencial da família, as coisas passam a ser muito avulsas. Tudo em retalhos, a esperança em cacos quadrados, sequer uma luz artificial.

segunda-feira, outubro 27, 2003

Segurança - há quem viva sem e há quem morra por ela.
Difícil a tarefa de passá-la, acalentar uma alma em troca de uma doação de si próprio por ela. Permanecer por uma fatia dela.
Uma vez alguém, à flor da pele, escreveu que o amor não seria repetição, rotina e apenas segurança, mas a vontade de voltar ao leito na escolha diária pela continuidade daquilo que está sendo vivido. Sou do time destes "desgraçados" que o amor converte dia-a-dia, porém, não sei se isso se dá por falta de maturidade ou por essa característica de se querer amor incondicional, farto de ilusões insaciáveis.

(Continua...estou com sono)

sábado, outubro 25, 2003

O dia em que uma pipoca salvou uma vida...

É, tem dias que a gente passa do limite. Dias em que o auto-engano não resolve mais e nada mais nos resta.
Dias em que percebemos que estamos implorando a piedade dos outros para nos sentir importante, mesmo que às avessas, para os outros.
Virei cruz.
E surtei nesta noite.
Solucei até ver que nada mesmo tem sentido, perda de tempo esperar reconhecimento de afeto ou coisas do gênero.
Estava tendo auto-piedade. Q ridículo!

A noite me chamava, como se em outro plano eu pudesse ser útil para alguém...

Encontrar alguém que desejasse ter carinho, ver uma alma em carne viva e apreciá-la como uma rosa vermelha no meio de um jardim seco.
E que depois, não enfiasse o dedo dentro do sangue de graça, por vaidade ou mequinharias como orgulho.

Enfernizei meus amigos que se divertiam, perdi a confiança de meu pai, que vê um quarto revirado e intocável há meses e não "sabe" (ou se desespera por dentro) o porquê de tudo isso.

Corte a artéria do meu coração, ela só está a pulsar por falta de coragem, por preguiça de parar e ter de ver seu tempo útil preenchido por mais vazios.

Esta semana ouvi uma amiga contar de um amigo que se suicidou... E depois mudou de assunto. Quis saber o porquê, respondeu-me que ninguém sabia e continuou a contar das suas "baladas".

Nem pra morte a gente presta.

Meses vomitando de desgosto. Todos os dias, sem vacilo.

22 anos comprometidos.

Fiz pipoca, a arte do estouro criou-me mais uma ilusão...



quinta-feira, outubro 23, 2003

Hoje tive um dia mágico! Finalmente marquei uma nova viagem para renovar as ilusões!
Aproveitei o dia para ir ao cinema com a mãe de uma amiga. Conhecer uma outra mãe sem a interferência da família. E de onde sai essa força de ser mãe?
A arte de transformar a vida de um outro ser através de metáforas e exemplos. De deixar errar para fortalecer; de agüentar, em silêncio, lágrimas gratuitas que clamam por migalhas de sentimento?
Todos os educadores são grandes artistas.


terça-feira, outubro 21, 2003

"Há trezentos anos, pelo menos, a ditadura da utilidade
é unha e carne com o lucrocentrismo de toda essa nossa
civilização. E o princípio da utilidade corrompe todos
os setores da vida, nos fazendo crer que a própria vida
tem que dar lucro. Vida é o dom dos deuses, para ser
saboreada intensamente até que a bomba de nêutrons ou o
vazamento da usina nuclear nos separe deste pedaço de
carne pulsante, único bem de que temos certeza. "

Paulo Leminski

"Quem já bebeu, beberá, quem já sonhou, sonhará. Nunca desistirá desses abismos atraentes, que soam insondáveis, que penetram no proibido, que se esforçam por seguar o impalpável e ver o invisível; volta-se para eles, debruça-se sobre eles, dá-se um passo na direção deles, depois dois; e é então que se penetra no impenetrável e é então que se econtra o alívio ilimitado da meditação infinita."
Victor Hugo

Sessão recalque:

Encontrando você
Alanis

"Querido, sua mãe (minha amiga) deixou uma mensagem em minha secretária eletrônica; ela estava furiosa
Dizendo que você estava louco, falando que queria se virar sozinho
Eu acho que ela pensou que eu seria um recurso perfeito porque nós tínhamos esta
Ligação inexplicável desde nossa juventude e

Sim, eles estão em choque, estão em pânico; você e sua crônica, eles e seu drama
Você nos deixou embaraçados no meio dessa desilusão

Se nós fôssemos nossos corpos
Se nós fôssemos nossos futuros
Se nós fôssemos nossas defesas, eu estaria encontrando você
Se nós fôssemos nossa cultura
Se nós fôssemos nossos líderes
Se nós fôssemos nossas negações, eu estaria encontrando você

Eu me lembro claramente um dia, anos atrás, no qual estávamos; você sabia mais do que achava que deveria saber
Você disse "Não quero nunca sofrer uma lavagem cerebral" e você estava viajando, você era intenso
Você estava desconfortável em sua própria pele; você estava com sede, mas, principalmente, estava lindo

Se nós fôssemos nossos nomes etiquetados
Se nós fôssemos nossas rejeições
Se nós fôssemos nossos resultados, eu estaria encontrando você
Se nós fôssemos nossas indignações
Se nós fôssemos nossos sucessos
Se nós fôssemos nossas emoções, eu estaria encontrando você

Você e eu, era como se tivéssemos 4 anos de idade, nós queríamos saber o porquê de tudo
Nós queríamos nos revelar a vontade e nos expressarmos e nunca falar pequeno e sermos intuitivos
E questionar poderosamente e encontrar Deus, meu farol torturado

Nós precisamos encontrar companhias de mesma opinião

Se nós fôssemos as condenações deles
Se nós fôssemos as projeções deles
Se nós fôssemos nossas paranóias, eu estaria encontrando você
Se nós fôssemos nossos rendimentos
Se nós fôssemos nossa obsessão
Se nós fôssemos nossas aflições, eu estaria encontrando você

Nós precisamos de reflexão, realmente precisamos de uma boa memória.
Sinta-se à vontade para me ligar com um pouco mais de freqüência."


segunda-feira, outubro 20, 2003

Tenho alguns amigos com os quais posso compartilhar das "existencialidades"-rs.
Acabo por descobrir que não se deve deixar a alma tão exposta, ela enfraquece...
Estou buscando os pontos que fizeram-me sair da trilha equilibrada e perder
o foco. O medo cega. O inconsciente grita. Eu quero é mais!

domingo, outubro 19, 2003

"Não é suficiente dizermos: eu amo Deus, mas não amo meu vizinho...Como podem amar Deus, que não se vê, se não amam o vizinho que se vê, que pode tocar, com quem vive?", disse a Madre Teresa em seu discurso ao receber o Prêmio Nobel da Paz em 1979.

quinta-feira, outubro 16, 2003

A palavra-chave de hoje é asco!
Tô com nojo de tudo isso!
Meu quarto, minhas coisas, todas jogadas, dissimuladas...
Fui vivendo sem nada, sem planejar, sem parar para ver
o quê de verdade as coisas são, mas acho que há certas
coisas que não dão pra se passar à limpo...
Olho pro meu cachorro e choro, como pude deixar que
os anos se passassem sem olhar pra ele como deveria?
Não agüento mais fugir, mas isso aqui é muito muito
pouco...
As coisas não podem ser só isso!
Que patético seria se os símbolos que engolimos da
mídia resumissem a uma família de Molico! Aos cães
com cara de Frolic!
Que boçal sair de casa para rir para os outros enquanto
por dentro sinto-me em estilhaços!!

Tudo é novidade, claro...mas já encheu o saco.

Não posso cair no conto de fadas de que o que
me falta é o garoto-propaganda das Gilletes Sensor,
Proback III, 3 camadas de cara limpa! Pronto!Sacudo
meus cachos Seda Hidraloe e o mundo ficará aos meus
pés, por causa das Sandálias Grendha!

Gente! A imagem do casamento, da felicidade e o conceito
de família têm de ir além do clichê da publicidade!

Só queria descobrir uma maneira de viver sem depender
desse amor em caldas que não existe além da minha própria
essência de sentí-lo, à flor da pele, e independente de com
quem...

Procuro apenas um recipiente confortável para essa
paixão, esse delírio e esse transbordamento exausto
de amor em pó... solúvel a lágrimas...

Vou deitar que passa...


terça-feira, outubro 14, 2003

Ganhei um livro de uma amiga que por descuido quase precisei acionar um mandado de segurança para recuperá-lo!-rs
Logo, ele merece ser citado:


"Não se deve deixar enganar em sua solidão, por existir algo em si que deseja sair dela. Justamente tal desejo, se dele se servir tranqüila e sossegadamente como de um instrumento, há de ajudá-lo a estender sua solidão sobre um vasto território. Os homens, com o auxílio das convenções, resolveram tudo facilmente e pelo lado fácil da facilidade; mas é claro que nós devemos agarrar-nos ao difícil. Tudo o que é vivo se agarra a ele, tudo na natureza cresce e se defende segundo a sua maneira de ser; e faz-se coisa própria nascida de si mesma e procura sê-lo a qualquer preço e contra qualquer resistência. Sabemos pouca coisa, mas que temos de nos agarrar ao difícil, é uma certeza que não nos abandonará. É bom estar só, porque a solidão é difícil. O fato de uma coisa ser difícil deve ser um motivo a mais para que seja feita. Amar também é bom: porque o amor é difícil. O amor de duas criaturas humanas talvez seja a tarefa mais difícil que nos foi imposta, a maior e última prova, a obra para a qual todas as outras são apenas uma preparação. Por isso, pessoas jovens que ainda são estreantes em tudo, não sabem amar: tem de aprendê-lo.

Com todo o seu ser, com todas as suas forças concentradas em seu coração solitário, medroso e palpitante, devem aprender a amar. Mas a aprendizagem é sempre uma longa clausura. Assim, para quem ama, o amor, por muito tempo e pela vida afora, é solidão, isolamento cada vez mais intenso e profundo. O amor, antes de tudo, não é o que se chama entregar-se, confundir-se, unir-se a outra pessoa. Que sentido teria, com efeito, a união com algo não esclarecido, inacabado, dependente? O amor é uma ocasião sublime para o indivíduo amadurecer, tornar-se algo em si mesmo, tornar-se um mundo para si, por causa de um outro ser; é uma grande e ilimitada exigência que
se lhe faz, uma escolha e um chamado para longe. Do amor que lhes é dado, os jovens deveriam servir-se unicamente como um convite para trabalhar em si mesmos ("escutar e martelar dia e noite"). A fusão com outro, a entrega em si, toda a espécie de comunhão não são para eles (que deverão durante muito tempo ainda juntar muito, entesourar) ; são algo de inacabado para o qual, talvez, mal chegue atualmente a vida humana.

Aí está o erro tão grave e tão freqüente dos jovens: eles - cuja natureza comporta o serem impacientes - atiram-se uns aos outros quando o amor desce sobre eles e derramam-se tais como são com seu desgoverno, a sua desordem, sua confusão. Que acontecerá pois? Que poderá fazer a vida desse montão de material estragado a que eles chamam sua comunhão e facilmente chamariam sua felicidade? Que futuro os espera? Cada um se perde por causa de outro e perde ao outro e a muitos outros que ainda queriam vir. Perde os longes e as possibilidades, troca o aproximar-se e o fugir de coisas silenciosas e cheias de sugestões por uma estéril perplexidade de onde nada de bom pode vir, a não ser um pouco de enjôo, desilusão e empobrecimento. Depois procuram salvar-se, agarrando-se a uma das muitas convenções que se oferecem como abrigo para todos nesse perigoso caminho. Nenhum terreno da experiência humana é tão cheio de convenções como este. Há nele uma profusão de cinto salva-vidas, canos e bexigas e natatórias, toda espécie de refúgios preparados pela opinião que, inclinada a considerar a vida amorosa um prazer, teve de torná-la fácil, barata, sem perigos e segura como os prazeres do público.

No entanto, muitos jovens que amam erradamente, isto é, entregando-se simplesmente sem manterem a sua solidão - e a média fica sempre nisso -, sentem o peso opressivo do erro cometido e gostariam de, à sua maneira, tornar vivedouro e fértil o estado de coisas a que se vêem reduzidos. A sua natureza lhes diz que as questões de amor não podem, menos ainda do que qualquer outra importante, ser resolvidas em comum, conforme um acordo qualquer; que são perguntas feitas diretamente de um ser humano para outro, que em cada caso exigem outra resposta, específica, estritamente pessoal. Mas como podem eles, que já se atiraram uns aos outros e não mais se delimitam nem se distinguem, quer dizer, que nada possuem de seu, encontrar uma saída em si mesmos, no fundo de sua solidão já derramada?


Quem examina a questão com seriedade, acha que, como para a morte, que é difícil, também para o difícil amor não foi encontrado até hoje uma luz, uma solução, um aceno ou um caminho. Não se poderá encontrar, para ambas estas tarefas, que carregamos veladas em nós e transmitimos sem as esclarecer, nenhuma regra comum, baseada em qualquer acordo. Na medida, porém, em que começarmos a tentar, solitários, a vida, estas grandes coisas hão de aproximar da nossa solidão. As exigências feitas à nossa evolução pela tarefa difícil do amor são sobre-humanas e, quando estreantes, não podemos estar à sua altura. Mas se perseverarmos, apesar de tudo, e aceitarmos esse amor como uma carga e um tirocínio em vez de nos perdermos na fácil e leviana brincadeira que serve aos homens para se subtraírem ao problema mais grave de sua existência - então, talvez, um leve progresso e alguma facilidade venham a ser experimentados por aqueles que chegarem muito tempo depois de nós - e isto já será muito.

A humanidade da mulher, levada a termo entre dores e humilhações há de vir à luz, uma vez despidas, nas transformações de sua situação exterior, as convenções de exclusiva feminilidade. Os homens que não a sentem vir ainda, serão por elas surpreendidos e derrotados. Um dia ali estará a moça, ali estará a mulher cujo nome não mais significará apenas uma oposição ao macho nem suscitará a idéia de complemento e de limite, mas sim a de vida, de existência: a mulher ser-humano. Este progresso há de transformar radicalmente (muito contra a vontade dos homens a quem tomará dianteira) a vida amorosa hoje tão cheia de erros numa relação de ser humano para ser humano, não de macho para fêmea. É esse amor mais humano (que se produzirá de maneira infinitamente atenciosa e discreta, num atar e desatar claro e correto) assemelhar-se-á àqueles que nós preparamos lutando fatigosamente, um amor que consiste na mútua proteção, limitação e saudação de duas solidões."
Rainer Maria Rilke 14/05/1904
Cartas a um jovem poeta


segunda-feira, outubro 13, 2003

Os inferninhos da noite não são somados aos demais acontecimentos da vida.
São compreendidos como surtos, como válvulas de escape para a falta
de verdade e coragem nos relacionamentos declarados...


domingo, outubro 12, 2003

Este foi o banho mais difícil destes 22 anos...
Melhor: deste últimos 10 anos, tempo útil para ter opinião própria e
memória para recordar dos fatos.
Banho para perder a esperança através da lucidez e para recuperar
a pureza através das lágrimas, misturadas às gotas do chuveiro, que
já vêm mescladas de natureza com química humana.