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terça-feira, dezembro 04, 2007

O Amor e a Cumplicidade

A Cumplicidade resolveu convidar os amigos para tomar um café em sua casa. Todos os convidados foram.
Após o café, a Cumplicidade propôs:
-Vamos brincar de esconde-esconde?
-Esconde-esconde? O que é isso? - perguntou a Curiosidade.
-Esconde-esconde é uma brincadeira. Eu conto até cem e vocês se escondem. Ao terminar de contar, eu vou procurar, e o primeiro a ser encontrado será o próximo a contar.
Todos aceitaram, menos o Medo e a Preguiça.
-1,2,3,... - a Cumplicidade começou a contar.
A Pressa escondeu-se primeiro, em um lugar qualquer. A Timidez, tímida como sempre, escondeu-se na copa de uma árvore. A Alegria correu para o meio do jardim. Já a Tristeza começou a chorar, pois não encontrava um local apropriado para se esconder. O Orgulho acompanhou a Vaidade e se escondeu perto dela debaixo de uma pedra.
A Cumplicidade continuava a contar e os seus amigos iam se escondendo. O Desespero ficou desesperado ao ver que a Cumplicidade já estava no noventa e nove.
-CEM! - gritou a Cumplicidade. - Vou começar a procurar...
A primeira a aparecer foi a Curiosidade, já que não aguentava mais querendo saber quem seria o próximo a contar. Ao olhar para o lado, a Cumplicidade viu a Indecisão em cima de uma cerca sem saber em qual dos lados ficar para melhor se esconder. E assim foram aparecendo a Alegria, a Tristeza, a Timidez...
Quando estavam todos reunidos, a Curiosidade perguntou:
- Onde está o Amor?
Ninguém o tinha visto. A Cumplicidade começou a procurá-lo. Procurou em cima da montanha, nos rios, debaixo das pedras e nada do Amor aparecer.
Procurando por todos os lados, a Cumplicidade viu uma roseira, pegou um pauzinho e começou a procurá-lo no meio dos galhos, quando de repente ouviu um grito.
Era o Amor, gritando por ter furado os olhos com espinhos.
A Cumplicidade não sabia o que fazer. Pediu desculpas, implorou pelo perdão do Amor e até prometeu seguí-lo para sempre.
O Amor aceitou as desculpas.
Hoje, o Amor é cego e a Cumplicidade o acompanha sempre.

quarta-feira, maio 16, 2007

Por uma vida mais Zen

Todas as pessoas acham que têm razão naquilo que acreditam.
Todos passam por experiências diferentes, alguns se arriscam mais, outros escolhem saborear um pouco menos, em situações seguras. Mas nenhum de nós tem o controle.
Se o objetivo de todas as coisas, do suícidio à felicidade plena é a liberdade, por que ainda achamos que manter tudo ao nosso alcance seria uma forma de não nos machucar?
Pensamentos e atitudes são senhores de palavras e promessas. O tempo de cada um é diferente, mas é muito difícil termos um ponto de partida que não seja o nosso, já que o outro é sempre o abismo do desconhecido. O que deveria nos causar interesse e excitação ao explorar, hoje só nos causa medo e desespero.
Nada mais gostoso do que o desconhecido. O acaso. A espontaneidade. Porém, a ansiedade e a insatisfação do homem não o deixam sentir prazer no escuro.
Esvaziar-se é a forma de se libertar das convenções sociais e estar pronto para uma nova experiência. Responsabilidade e amor caminham juntos neste novo universo.
Um Ser que se aproxima de outro sem amor, só chega até onde o outro permite entrar, o que geralmente é muito pouco para se sentir algo, tatear superfícies planas não deveria ser aceito, nem dado por ninguém.
É necessário conhecer a mim, para conhecer você, para que me apresente o outro através dos seus olhos e assim poder ter uma pequena amostra do que a humanidade tem de mais verdadeiro. Entender algumas coisas e aceitá-las não significa necessariamente permanecer no mesmo lugar.
Desejo guiar cegos que gargalhem, porque em mim confiarão. De ensinar e aprender a amar sem a menor sombra de desconfiança. Sei que para isso, terei que caminhar anos na estrada da transformação de mim mesma para, enfim, aceitar o outro e o que de melhor ele poderá me mostrar. Quero ter o meu tesouro guardado, para assim, compartilhar das minhas experiências e conquistar a permissão de entrar no universo dos que se sentirão seguros ao ver que as palavras serão reflexo do que já transbordará em gestos, atitudes e demonstrações não-verbais de amor puro e gratuito.

quinta-feira, março 22, 2007

No escuro

Música, palavras, cheiros antigos, gosto insaciável.
Notícias do ano passado, foto feliz, cadeado aberto.
Qualquer calor, carícia, consolo, amparo.
Somos sangue, derramado, frio ou requentado.
Leite seco, falta água, sobra gelo.
Dedos, sensações, arrepios, solidão.
Vem. Chega. Enough. Começa.
Desejo de quente, alicerce, companheiro.
Tudo está. Nada é, até lá.
Seco, fervente, cremoso.
A maciez em estado puro.
Olhos que brilham e que chamam.
Já tarde e pra sempre.
Segure a minha mão.