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quinta-feira, março 04, 2004

Grito de Alerta
Gonzaguinha

Primeiro você me azucrina
Me entorta a cabeça
e me bota na boca
um gosto amargo de fel
Depois vem chorando desculpas
assim meio pedindo
querendo ganhar
um bocado de mel
Não vê que então eu me rasgo
engasgo, engulo
reflito e estendo a mão
E assim nossa vida
é um rio secando
as pedras cortando
eu vou perguntando
até quando?
São tantas coisinhas miúdas
roendo, comendo
arrasando aos poucos
com o nosso ideal
São frases perdidas num mundo
de gritos e gestos
num jogo de culpa
que faz tanto mal
Não quero a razão pois eu sei
o quanto estou errado
e o quanto já fiz destruir
Só sinto no ar o momento
em que o copo está cheio
e que já não dá mais pra engolir
Nosso caso é uma porta entreaberta
Eu busquei a palavra mais certa
Vê se entende o meu grito de alerta
Veja bem
É o amor agitando meu coração
Há um lado carente dizendo que sim
E essa vida da gente gritando que não

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