Aquele sonho de ser um adolescente que bate a porta e sai de casa nunca se concretizou.
Bater a porta em sentido mais amplo: que se danassem as contas, o amparo aos pais, o cachorro que ficaria doente, qualquer plano ou responsabilidade que o envolvesse. O importante seria seu bem-estar, seu ego e suas ambições.
Porém, não se divertira, não criara nada pra si e perdera a esperança de ter uma família no Natal, com a qual comeria nozes abertas no vão da porta.
A eterna gratidão misturada com a falta de respeito é que criava os conflitos.
Sempre fugira, camuflado de sua casa. Encontrava conforto no colo de amigos.
E tinha medo de qualquer relacionamento que pudesse se findar, e depois de anos, retornar a mesma situação da família matriz.
Esse era o risco. E este risco é que o levava a cada dia para um novo abismo.
Depois de mais um Natal, ele secou e misturou-se às uvas passas de um panetone inelástico.
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